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Quando o púlpito se torna um problema!

O inicio do ministério de Cristo Jesus assim como a convocação dos primeiros discípulos aconteceu numa caminhada de Jesus junto…

O inicio do ministério de Cristo Jesus assim como a convocação dos primeiros discípulos aconteceu numa caminhada de Jesus junto ao mar da Galiléia. (Mateus 4.17,18)

É no mínimo relevante observar que tanto em Cristo Jesus como na Igreja primitiva as coisas acontecia naturalmente pelo caminho da vida, a beira mar, na praça em Jerusalém, na casa de amigos, ao redor do templo, como também no templo e nas sinagogas, outra vez, “como também no templo e nas sinagogas”, é importante a redundância dessa declaração porque a sensação hodierna é que o evangelho somente pode ser pregado em templos religiosos.

Cada vez menos o evangelho de Cristo Jesus é uma mensagem que flui espontaneamente nos encontros entre amigos, nas reuniões esporádica e despretensiosa, na companhia de alguém rumo ao trabalho, ou nos ciclos naturais da vida cotidiana.

A sensação atual é aterrorizante quando percebemos surgir uma geração de “pregadores” que somente desejam os púlpitos e não mais as vielas, os ribeirinhos, os telhados, ou as praças.

É preocupante observar o movimento continuo e crescente de colegiados não institucionalizados, mas muito bem definidos de pregadores que se organizam para manter um grupo de igrejas fechadas com eles como uma espécie de contrato ministerial, onde apenas pode ter acesso àqueles determinados púlpitos quem estiver participando do “bando eclesiástico”.

É estarrecedor observar jovens desejando o santo ministério não como um chamado de graça para o compartilhamento dos sofrimentos de Cristo Jesus, conforme a consciência e declaração do apóstolo Paulo: “…se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória.” (Romanos 8.17), mas antes, anseiam o santo ministério porque invejam o modelo de vida do pregador top, ou do pregador sensação, ou do pregador famoso da televisão, com seu relógio de quinze mil reais, terno de dois mil reais, carro de trezentos mil reais, multidões ovacionando-o e desejando tirar foto, pegar autógrafo, etc! Como um desses “pastores tops” um dia declarou em uma entrevista, “eu sou um pastor da categoria do Cristiano Ronaldo, mas existem os pastores da categoria de base”, o espírito é esse, pastores da categoria de base invejando e desejando o estrelato ministerial! Agora reflita comigo se isso caberia na consciência do Evangelho ou no significado da Cruz de Cristo Jesus? Alguma coisa não esta batendo,  está muito errada, e não está fazendo nenhum sentido quando comparada ao Espírito do Evangelho de Cristo Jesus!

É vergonhoso observar de longe as motivações de muitos pulpiteiros (que apenas se utilizam do evangelho, segundo definiu Martyn Lloyd Jones), e que estão apenas interessados em apresentar uma performance que envolve oratória, persuasão, e roupagem (anéis, relógios, roupas, etc), onde o centro gravitacional do culto gira em torno deles e não mais de Cristo Jesus.

É espantoso e lastimável ter que admitir que talvez estejamos perdemos uma grande oportunidade e uma geração inteira de jovens que poderiam estar no caminho da vida, com seu estilo próprio, com sua maneira pessoal de ser, falar e se vestir, expressando do amor de Deus em Cristo Jesus.

Onde estão os jovens que anseiam em pregar o evangelho em seu próprio contexto social e diário, onde estão aqueles que atualmente anseiam em realizar missões nas cidades mais pobres do país, onde estão os voluntários que ansiavam em participar de frentes missionárias como JOCUM (Jovens com uma missão), onde estão os intercessores da África, onde estão aqueles que mesmo anônimos alvoroçariam o mundo com o Evangelho da Salvação? Infelizmente, parece que estes são cada vez mais ínfimos, enquanto que aqueles que almejam os holofotes do púlpito são cada vez mais volumosos.

Deste modo, espero que o púlpito não seja um problema para todos aqueles que procuram andar em sinceridade e verdade diante de Cristo Jesus, e que Deus nos salve desse modelo de púlpito (aquele do engessamento e do profissionalismo ministerial), para nos enviar como testemunhas da sua grande salvação em Cristo Jesus a todas as nações, uma vez que, o alvo da missão da Igreja jamais foi o púlpito, mas antes as nações da terra – “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” (Mateus 28.19)

 

“As opiniões e textos aqui publicados são de total responsabilidade dos autores”

autor(a)

Samuel Torralbo

Samuel Torralbo

Cristão por adoção, Pastor por vocação, Escritor por paixão. Formado em Teologia pela Faculdade Metodista de São Paulo, Diretor do Instituto Teológico Petra, e fundador do projeto Em Defesa da Igreja, Co-Pastor na Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Casa Verde Alta em Mogi das Cruzes.

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