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Faxineira se forma na mesma universidade que limpa: “Trabalhe duro e ore a Deus”

A sul-africana Sthembile Mngwengwe, de 40 anos, se formou em Ciências Sociais pela mesma universidade onde é faxineira há 14 anos.

Sthembile Mngwengwe formou-se bacharel em ciências sociais. (Foto: Arquivo pessoal)

Usando uma beca e uma capa de formatura, a sul-africana Sthembile Mngwengwe conseguiu realizar um sonho: ela se formou em Ciências Sociais pela mesma universidade em que passou 14 anos como faxineira.

“Conciliar o trabalho e os estudos me deixou muito estressada. Mas se você trabalhar duro e orar a Deus, Ele o ajudará a alcançar o que deseja”, disse Sthembile ao site News24.

Sthembile, que mora na cidade de Pietermaritzburg, passou os últimos anos praticamente morando na Universidade de KwaZulu-Natal (UKZN). 

Todos os dias, ela se levantava cedo para iniciar seu turno de oito horas, que é das 7h às 15h. Às vezes, ela tinha uma aula às 7h45 e outras, às 13h15. Nesses dias, ela começava a trabalhar mais cedo para chegar a tempo da aula. 

A formanda de 40 anos se matriculou na UKZN, inspirada pelos lindos escritórios que os professores ocupavam. “Eu estava motivada por estar no campus também, ver os alunos andando para cima e para baixo indo para seus auditórios para assistir às aulas. Isso me fez desejar ser como eles.” 

Sthembile, que é mãe solteira, também queria dar o exemplo para sua filha, Sindiswa, de 20 anos. Quando a universidade lhe ofereceu a oportunidade de estudar de graça, ela agarrou com as duas mãos.

“Decidi estudar para me qualificar para um emprego melhor, porque estudar é muito importante hoje em dia”, diz Sthembile.

Depois de se matricular, em 1998, Sthembile queria estudar mais, mas seus pais não conseguiam pagar as mensalidades. Durante anos, ela lutou para encontrar um emprego, até ser contratada como faxineira em 2006. Um ano depois, ela foi transferida para a UKZN, onde seu sonho de estudar foi despertado.

Dia após dia, ela realizava suas tarefas de limpeza enquanto se perguntava como seria assistir a uma palestra. 

Em 2016, a UKZN decidiu terceirizar seus contratados. Isso significava que a Sthembile poderia desfrutar de benefícios, como estudar na universidade gratuitamente. “Tive muita sorte”, diz ela. “Depois de tanto querer estudar, agarrei a oportunidade.”

Vencendo a vontade de desistir

Sthembile com seu colega Sanele Lembethe (à esquerda), o professor Albert Modi e o colega Ziningi Mazeka. (Foto: Arquivo pessoal)

Em 2018, ela se matriculou no curso de Bacharelado em Ciências Sociais. Mas acertar os livros era muito mais complicado do que ela pensava — fazia cerca de 20 anos desde a última vez que ela se sentou em uma sala de aula e Sthembile se sentiu como um peixe fora d’água.

Ela foi percebendo que a universidade era mais difícil do que o ensino médio. Sthembile não se saiu bem durante o primeiro ano e teve que fazer exames complementares para todos os seus módulos. 

“Eu me via como um fracasso e queria deixar a universidade”, lembra ela.

Mas seu sistema de apoio não permitiu que ela desistisse. Sua filha, amigos e colegas de universidade a encorajaram a continuar.

Sthembile e seus amigos formaram um grupo de estudos, o que facilitou a compreensão do material da aula.  “Eles não se importavam que fossem mais jovens do que eu. Isso não impediu eles de me ajudarem e me encorajarem. Na verdade, eles me trataram como amiga deles”, diz ela.

Graças a toda a ajuda, Sthembile passou nos exames complementares com distinção, o que a motivou a concluir a licenciatura.

Novos sonhos

Sthembile, que ainda trabalha como faxineira para se sustentar, está comemorando suas conquistas, mas também olha para o futuro. “Estou planejando procurar um emprego melhor em administração ou recursos humanos, porque meus cursos de graduação são RH e língua Zulu”, diz ela. 

Ela acrescentou: “Também gostaria de fazer uma pós-graduação em educação e me tornar professora se não conseguir encontrar um emprego.”

Sthembile espera que sua história inspire outras pessoas a perseguirem seus sonhos, mesmo quando eles não parecem tão possíveis. 

“Não importa quantos anos você tem, você ainda pode realizar seus sonhos”, diz ela. “A idade é apenas um número – olhe para mim concluindo minha primeira graduação aos 40 anos. É uma bênção e estou muito orgulhosa de mim mesma.” Guiame

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