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Como ser um Eliseu em um mundo de Geazis

A explosão do crescimento evangélico continua sendo motivo de preocupação para muitos (opositores) e de alegria para outros (adeptos). O crescimento não se limita somente às conversões, mas, agora, chega até as cifras bilionárias que movimenta vários setores no mundo gospel.

De acordo com matéria publicada no site inforgospel,o mercado evangélico no Brasil — com 42,3 milhões de adeptos, 60% deles da linha pentecostal, liderada pela Assembleia de Deus — faz girar cerca de R$ 15 bilhões por ano em diversos segmentos. 1

Os comentários depreciativos que pairavam sobre a sociedade não evangélica (com suas exceções é claro) sobre a capacidade que os líderes evangélicos possuíam de “enganar” as pessoas “despreparadas” para poder-lhes convencer a doar “grandes quantidades – de dinheiro” às suas igrejas, parece haver sido amenizados com um silêncio de interesses por parte dos que querem participar do lucrativo comércio de artículos e serviços para o agora respeitado universo cristão.

Pode ser que esse silêncio, tenha sido causado pelo explosivo crescimento – de uma geração cristã – que não somente aumentou o seu poder aquisitivo, mas também pôde sufocar a opinião de muitos críticos, que ao contemplarem a quantidade de doutores, escritores, juízes e de alguns anos para cá políticos no seio da igreja, tiveram que aceitar a estranha realidade (para eles); que aquele incômodo vizinho, barulhento (segundo o seu critério), e até então considerado (outra vez – por ele) um “otário”, não era apenas um “ignorante” solitário, tentando mostrar sua nova religião, mas agora, fazia parte de uma multidão de corajosos, que não se intimidavam em serem rotulados pelas fracas etiquetas do preconceito, mas que marchavam rumo a uma “marca” mais excelente, a de serem chamados e considerados como a profissão de fé que mais cresce no país.

Alguns famosos ajudaram (não todos), a diminuir os problemas causados pela barreira do preconceito, que até hoje persiste em manifestar-se em reuniões privadas da sociedade. Em um país onde a diversidade religiosa pode ser comparada com a diversidade de seus problemas sociais, posso dizer que o trabalho está apenas começando, no sentido de que se realmente – (nós) os evangélicos – queremos continuar fazendo a diferença em um país marcado pela corrupção, devemos retirar-nos de todo resíduo dela (corrupção).

O nosso interesse pelas bênçãos dos Naamãs , não pode ser justificado por possuirmos a autoridade espiritual, delegada por Cristo para abençoar pessoas, povos e nações:

Então voltou ao homem de Deus, ele e toda a sua comitiva, e chegando, pôs-se diante dele, e disse: Eis que agora sei que em toda a terra não há Deus senão em Israel; agora, pois, peço-te que aceites uma bênção do teu servo. Porém ele disse: Vive o Senhor, em cuja presença estou, que não a aceitarei. E instou com ele para que a aceitasse, mas ele recusou.
(2 Reis 5:15-16)

Eliseu, o profeta, conhecido como o homem de Deus, recusou receber uma benção das mãos do novo convertido Naamã, pois sabia que aquilo poderia confundir e conceber uma falsa visão do valor da cura à sua vida. Somente ver aquele homem reconhecer que não havia Deus senão em Israel, já era motivo suficiente para alegrar o coração do profeta, que desde muito era alimentado e sustentado pela provisão de Deus.

No entanto, mesmo mostrando essa atitude respeitável – não compreendida por muitos líderes de nossos dias – o seu ajudante, moço de Eliseu – por nome Geazi, parecia não estar satisfeito com os preceitos ensinados e demonstrados pelo seu senhor (pois assim ele chamava a Eliseu).

Vendo que a grande oportunidade de ficarem “ricos” se afastava cada vez mais de suas terras, correu ao encontro do bondoso chefe do exército da Síria, e decidiu tomar uma atitude oposta do seu líder:

“Então Geazi, servo de Eliseu, homem de Deus, disse: Eis que meu senhor poupou a este sírio Naamã, não recebendo da sua mão alguma coisa do que trazia; porém, vive o SENHOR que hei de correr atrás dele, e receber dele alguma coisa.”
(
2 Reis 5:20)

Tanto Geazi como Eliseu, tiveram que enfrentar tempos difíceis, a Bíblia mostra que períodos de escassez eram frequentes naquelas terras (cf. 2 Reis 4.38), mas isso parecia não alterar a confiança do profeta em relação à provisão de Deus, que tempos atrás, havia sido beneficiado pela ajuda de uma mulher rica que o alimentava (cf. 2 Reis 4.8).

Porém, não podemos fechar os nossos olhos – muito menos o nosso entendimento – para uma realidade que a Bíblia ensina em 1 Coríntios 9.14 – que os que pregam o evangelho devem viver (comer, sustentar a família, educar os filhos…) do evangelho.

Não somente no Novo Testamento, mas também no Antigo Pacto, encontramos referências de promessas feitas por Deus a todos aqueles que se manterem obedientes aos seus princípios (sejam como ministros ou simplesmente como irmãos) a receberem/desfrutarem (não é uma regra) as riquezas desta terra como fruto de seus trabalhos (Dt 28.1-13).

Receber as bênçãos resultantes de nossa obediência é uma coisa, tomá-las de forma escrupulosa é outra bem diferente. E foi o que Geazi não entendeu. Abro um parêntesis, para corroborar uma verdade; não é pelo proceder – ímpio – de alguns, que devemos julgar as intenções de todo um grupo (líderes evangélicos).

Geazi não representava a vontade de Eliseu (seu líder), pelo contrário, resolveu agir por conta própria, em um ato de desobediência e engano, e acabou atraindo graves problemas à sua vida, pois foi atacado de lepra, que se deixava notar não somente pelas manchas sobre o seu corpo, mas também pelas feridas do seu caráter.

Não nos livraremos facilmente dos Geazis dentro do nosso circulo de fé, mas surge então a pergunta, como ser um Eliseu em um mundo cada vez mais dominado pela política do Geazisismo?

Que Deus os abençoe,

Rodrigo Faria

“As opiniões e textos aqui publicados são de total responsabilidade dos autores”

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Rodrigo Faria

Rodrigo Faria

O escritor Rodrigo Faria nasceu e cresceu em Franca, cidade do estado de São Paulo, Brasil. Converteu-se aos 18 anos, quando passou a frequentar a Igreja com sua esposa, Janaína. Depois de 13 anos, foi levado ao ministério e consagrado como pastor na Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Franca.

 

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