Um estudo sobre o quinto mandamento
Por Vinícius Corrêa
Encontramos especificamente nas escrituras, o 5º mandamento explicitamente demonstrado em duas passagens da Escritura:
“Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá”.
Êxodo 20.12
“Honra a teu pai e a tua mãe, como o SENHOR, teu Deus, te ordenou, para que se prolonguem os teus dias e para que te vá bem na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá”.
Deuteronômio 5.16
Seu propósito
O propósito do 5º mandamento é nos dar uma noção de submissão as autoridades, seja em qual âmbito for, quer seja no social, etário, político, religioso e até de conhecimento.
Uma coisa que deve ser observada é que para cada tipo de autoridade, existe um tipo de submissão.
“O fim do preceito é que, uma vez que o Senhor Deus deseja a preservação da ordem que Ele indicou, os graus de proeminência estabelecidos por Ele deveriam ser inviolavelmente preservados. A soma disso, portanto, será que deveríamos reverenciar aqueles a quem Deus exaltou com qualquer autoridade acima de nós, e deveríamos a eles render honra, obediência e gratidão. Contudo, como esse preceito é excessivamente repugnante à depravação da natureza humana, cujo desejo ardente de exaltação dificilmente admitirá submissão, ele foi, portanto, proposto como um exemplo daquele tipo de superioridade que é naturalmente mais amigável e menos odioso, porque isso poderia mais facilmente abrandar e inclinar as nossas mentes para o hábito da submissão” (João Calvino).
Relação Filial
Existem três expressões da honra relacionada a esse mandamento, são elas: reverência, obediência e reconhecimento.
Reverência: o Senhor a sanciona quando preceitua que seja entregue à morte aquele que maldisser ao pai ou à mãe [Êxodo 21.17; Levítico 20.9; Provérbios 20.20], uma vez que castiga o menosprezo e a insolência.
Obediência: sanciona-a quando decreta a pena de morte contra os filhos teimosos e rebeldes [Deuteronômio 21.18-21].
Gratidão ou Reconhecimento: o que Cristo diz: que é mandamento de Deus que façamos o bem a nossos pais [Mateus 15.4-6]. As inúmeras menções de Paulo ao mandamento, nos demonstra quão pertinente nos é guardá-lo [Efésios 6.1-3; Colossenses 3.20].
Limites da Submissão e as Autoridades
Os limites de nossa submissão aos nossos pais estão relacionados a funções que não lhes são devidas. Eles não podem se colocar como magistrados, profetas, sacerdotes e muito menos Deus sobre nós.
Magistrado: Nossos pais não estão investidos de poderes para controlar as leis civis, logo não devemos obedecê-los acima das leis. Se nos for requerido algo por parte de nossos pais que, de alguma forma, seja ilegal e quebre algum preceito das leis civis, nós devemos dar prioridade às leis [Romanos 13.1; Provérbios 8.15; 1ª Pedro 2.13 e 14].
Profetas e Sacerdotes: Quando nossos pais não seguem as escrituras, e não estão ligados ao verdadeiro Deus, eles não possuem nenhuma autoridade eclesiástica, profética ou sacerdotal sobre nós, logo não podem obstruir a nossa fé no verdadeiro Deus [Atos 23.5; Hebreus 13.17; Lucas 10.16; Gálatas 6.6].
Deus: A autoridade de Deus sobre nossas vidas é superior a toda e qualquer autoridade, seja do magistrado, seja dos profetas e sacerdotes e também a autoridade paternal. Nada que alguma das instituições tente nos imputar, deve ser acatada se for contra o Soberano. Ele é superior a qualquer uma das autoridades que estão sobre nós [Atos 5.29].
Os deveres paternos
“E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor”. Efésios 6.4
A primeira parte do versículo é uma advertência quanto aquilo que não deve ser feito: os pais não devem provocar a ira, severidade, injustiça e outros sentimentos maus em seus filhos, pois isso é uso indevido da sua autoridade investida. É como semear ervas daninhas em um solo fértil.
A segunda parte desse versículo nos apresenta duas orientações de Deus para o cuidado com os filhos: Disciplinar e Admoestar.
Disciplinar: É mais abrangente, vem da ideia da formação integral do indivíduo, quer seja no âmbito secular ou religioso. Cabe aos pais proverem educação de qualidade, instrução para vida e orientação religiosa. Sim, é dever do pai prover tudo isso e lutar por isso.
Admoestar: Está ligado ao dever que os pais têm sobre seus filhos no âmbito da advertência e correção. Obviamente que essa advertência e correção devem estar arraigadas nas escrituras, que é a infalível palavra de Deus.
Podemos observar várias atribuições específicas dos pais, ligadas aos ofícios supracitados, nos seguintes versículos: [Deuteronômio 6.6 e 7; 11. 18 e 19; Salmos 78. 5-7; Provérbios 22.6]
A Promessa
“…para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá”.
[Êxodo 20.12b]
Inicialmente devemos inferir que essa promessa apesar de estar anexa diretamente ao quinto mandamento, diz respeito aos outros nove também, tendo em vista que seguir a lei do Senhor deve redundar em bênçãos sobre nossa vida.
Uma coisa que devemos com clareza observar é que essa promessa veterotestamentária nos remete a vida eterna, uma vez que a referida terra no texto não está ligada ao planeta em si, mas a Canaã, uma figura do céu.
Porém essa promessa é repetida no Novo Testamento [Efésios 6.3], aumentado a abrangência e a simbologia da promessa, nos remetendo também a um alongamento de nossa vida terrena.
Devemos nos atentar também para o fato que todas as promessas terrenas, devem redundar em felicidade e gozo eterno. Por esse fato, Deus com frequência abrevia o tempo de vida de alguns servos aqui na Terra, para cumprir sua promessa de vida eterna nos céus.
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