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Kleber Lucas fala sobre visita a terreiro e diz que teologia brasileira é racista

Para o cantor, evangélicos que o criticaram são pessoas que “não conseguem conviver com quem pensa diferente delas”.

O pastor e cantor Kleber Lucas tem 25 anos de ministério, sendo bastante conhecido no meio evangélico. Possui mais de 3,6 milhões de seguidores no Facebook e quase 500 mil no Instagram. Atualmente pastoreando a Igreja Batista Soul, no Rio de Janeiro, ele acabou colecionando polêmicas nas últimas semanas.

Após ter recebido em sua igreja o padre Fábio de Melo, Kleber participou de um evento no terreiro de Candomblé Cazo Kwe Ceja Gbe, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, que foi queimado em 2014 e está sendo reconstruído agora com apoio de grupos evangélicos.

Ele deu entrevista ao site Curta Mais onde foi questionado sobre a decisão de ir ao local, mesmo sabendo da repercussão negativa que poderia ter. O cantor disse que “A atitude de alguns líderes de outra confessionalidade no sentido solidário é a melhor resposta a esse ambiente de ódio e intolerância que está varrendo nosso país num momento que precisamos estar mais unidos”.

Para Kleber Lucas, os evangélicos que o criticaram pela atitude são pessoas que “não conseguem conviver com quem pensa diferente delas”. Lamentando tanta negatividade, desabafou: “Estão me ferindo muito e me fazendo repensar minha caminhada. O que posso afirmar com toda certeza é que essas pessoas não entenderam a mensagem do Cristo. Nós ainda estamos falando de tolerância quando deveríamos falar de respeito”.

Ele afirma que já sofreu muito preconceito “por ser preto e recasado diversas vezes”, e disse entender que “as religiões de matizes africanas são as que mais sofrem”. Analisando algumas questões históricas, assevera: “O Cristo que veio da Europa e dos Estados Unidos pelos missionários era branco. A religião europeia e americana eram as únicas que religavam. Do lado dos pretos, índios e outros, só os perdidos. A teologia que veio para o Brasil em sua grande maioria é racista e de segregação”.

Ao mesmo tempo que recebe críticas, ele afirma que também tem apoio. “Domingo quando eu cheguei no culto da Soul, a igreja toda ficou de pé, aplaudiu e disse que eu não fui lá sozinho, que estão todos comigo. A melhor parte é saber que a Igreja Batista Soul não está sozinha nessa mensagem da grande irmandade e que podemos sim fazer um Brasil melhor. Tem muita gente do bem”, enfatiza.

Segundo ele, ainda existe muito preconceito dentro das igrejas. “Infelizmente algumas pessoas ainda pensam que Deus é uma exclusividade delas, eu não acredito nisso. Eu acredito numa fé que comunica com outras confessionalidades. Eu prego isso, eu vivo isso, eu estou pela justiça”. Voltando a abordar a questão do ponto de vista teológico, pediu: “Precisamos aprender que cada ser humano é um, que o Pai é nosso, e que o Pai tem muitos filhos, diferentes, com pecados diferentes e que não podemos julgar nosso irmão por seu pecado ser diferente do meu. A diferença é o que mais nos aproxima da Trindade, que é a família de Deus. Podemos dialogar com todos”.

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