Último debate tem Daciolo vetado, crítica de presidenciáveis e Bolsonaro na Record
A entrevista da Record atingiu quase metade dos pontos de audiência do debate, segundo o Ibope.
Compareceram ao debate os candidatos Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Álvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede). Jair Bolsonaro não pode comparecer, devido a recomendações médicas e o candidato Cabo Daciolo (Patriota) não foi convidado, porque seu partido não teria a representatividade mínima necessária no Tribunal Superior Eleitoral para sua participação no programa, segundo a emissora.
O debate foi marcado por algumas rovocações, busca de votos entre os indecisos, uso do voto útil, reclamações sobre a circulação de fake news nas redes sociais e também pela tensão nos bastidores, com algumas críticas à própria rede Globo.
Ciro Gomes, por exemplo, criticou a emissora por ela ter “permitido” a entrada de um oficial de justiça em seu camarim, portando uma notificação judicial sobre o uma ação movida contra ele por João Dória, candidato ao governo do estado de São Paulo pelo PSDB. O processo está sendo movido, após o pedetista chamar Dória de “farsante”.
“Nunca mais piso nesse lugar”, disse o político, antes de deixar a emissora carioca, segundo o site da revista Veja.
Já Fernando Haddad culpou a circulação de fake news pelo aumento da rejeição ao PT nestas eleições e acusou “o pessoal do Bolsonaro” de criar a onda de notícias falsas.
“Estamos combatendo uma onda de notícias falsas e mentiras na internet muito pesada. Só no dia de hoje, recebemos mais de 15 mil denúncias, para você ter uma ideia do tamanho do estrago que o pessoal do Bolsonaro está fazendo”, disse.
Já o candidato Álvaro Dias provocou Haddad, dizendo que “gostaria de fazer uma pergunta ao candidato do PT, mas ele está preso”, ao ironizar que o atual candidato petista apenas recebe ordens do presidente do líder maior do Partido dos Trabalhadores.
Bolsonaro na Record
Apesar de não ter sido autorizado pelos médicos a participar do debate entre presidenciáveis da rede Globo — devido ao desgaste físico que isto poderia lhe causar — ele conseguiu receber a equipe da rede Record em sua casa, onde concedeu a entrevista exclusiva, gravada com o acompanhamento de uma equipe médica.
Durante a entrevista, Bolsonaro falou sobre sua intenção de restaurar a imagem do Brasil no exterior e promover uma maior integração entre as diferentes regiões e também as diferentes classes sociais do país, que segundo ele, foram ainda mais divididas pelo governo do PT.
“É isso o que me proponho: unir o povo brasileiro. E a esquerda sempre tentou nos desunir, criando castas, negros contra brancos, nordestinos contra sulistas, ricos contra pobres, filhos contra os pais”, destacou.
“Nós queremos resgatar a credibilidade do Brasil junto ao mundo aí fora. Saí um pouco do Brasil há alguns meses, estive na Coreia do Sul, Taiwan, Japão, Israel e é difícil, mesmo eu não sendo empresário, ser recebido com o manto da desconfiança. O Brasil, que sempre teve muita desconfiança aí fora, pela alegria do seu povo, pela palavra… Isso, ao longo dos últimos 13 anos, foi jogado na lata do lixo”, lamentou o candidato do PSL. “Vamos, se essa for a vontade de Deus, recuperar o nosso Brasil”, acrescentou.
Investigação do atentado
Ao ser questionado sobre a investigação do atentado que sofreu, Bolsonaro sugeriu que a escolha de um delegado sem qualquer ligação anterior com o PT poderia dar mais isenção e credibilidade ao inquérito. Porém também reconheceu que qualquer acusação contra a equipe responsável pelo processo seria precipitado neste momento.
“O processo está sendo conduzido por um delegado que por dois anos foi o homem de confiança de Fernando Pimentel (PT), governador de Minas Gerais. A Polícia Federal, eu não quero acusá-la. Poderia ser outro delegado, até para buscar isenção. Nesta equipe que investiga, temos conhecimento, tem muita gente isenta e outros até simpáticos à minha causa, então não quero precipitar uma declaração nesse sentido”, explicou.
“Nós não queremos fabricar um responsável, esse ou aquele partido ou grupo ideológico. Nós queremos chegar à verdade e sinto que não se tem muita dificuldade de chegar à verdade. Afinal de contas, um ato como este não pode partir da cabeça de uma pessoa, de forma isolada”, lembrou. “Eu sou acusado de disseminar o ódio e quem leva a facada sou eu”.
Rótulos
Respondendo a acusações que recaem há anos sobre sua imagem, Bolsonaro as rebateu como falsas e tentativas de impor rótulos sobre sua reputação.
“Uma das que mais nos afeta é que eu sou homofóbico. Quando ‘descobriram’ que eu sou homofóbico, foi em 2010, quando eu descobri um plano do governo de, ao combater a homofobia, segundo eles, as escolas de ensino fundamental, ou seja, criancinhas a partir de seis anos de idade assistiriam filmes de meninos se beijando, de meninas se acariciando. Qual pai — até mesmo um pai que seja gay — vai querer isso para o seu filho em sala de aula?”, questionou.
“Jamais agredi ou ofendi um homossexual. Não sou homofóbico. Esses rótulos jogam para cima de mim, porque não podem me chamar de corrupto”, assegurou.
Fonte: Guiame