José – Jesus
Wim Malgo
“Habitou Jacó na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã. Esta é a história de Jacó. Tendo José dezessete anos, apascentava os rebanhos com seus irmãos; sendo ainda jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e trazia más notícias deles a seu pai. Ora, Israel amava mais a José que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas. Vendo, pois, seus irmãos que o pai o amava mais que a todos os outros filhos, odiaram-no e já não lhe podiam falar pacificamente” (Gn 37.1-4).
I. A vida de José era uma vida profética
O profeta é um homem através do qual Deus pode falar: vem a ser um “canal de comunicação” de Deus. Por esta razão, além das palavras e dos sonhos de José, também a sua vida, as experiências, a humilhação e as ações têm significado profético. Através da vida de José vemos reluzir, de maneira cristalina, a vida do Senhor Jesus aqui na terra. Certamente todos conhecemos este fato: quando ele procurou seus irmãos, acabou sendo rejeitado por eles. Ele foi humilhado, jogado numa cisterna e, posteriormente, na prisão. Assim como o Senhor Jesus, também José foi primeiramente vendido e posteriormente, exaltado, sentou-se no trono.
Por que a vida de José é considerada como profética, contrariamente à de seus irmãos? É muito importante que os filhos de Deus saibam isso. – Também a nossa vida deveria ser uma vida profética. Deus procura pessoas cuja vida ele possa transformar em uma profecia. Deus não tem apenas o grande desejo de que cheguemos ao céu, mas que, antes disso, o Seu Nome seja engrandecido através da revelação do Seu Filho Jesus em Seus filhos e através dos Seus filhos! Este alvo de Deus encontramos reiteradas vezes na Bíblia. Deus nos predestinou para sermos semelhantes à imagem do Seu Filho: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29). – “…meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl 4.19). É isto o que significa uma vida profética! Quando se olha para uma pessoa dessas, podemos enxergar Jesus. Suas ações, suas experiências, seus passos são exatamente iguais aos de Jesus Cristo. Isso aconteceu também com José.
Qual foi o segredo da sua vida profética? Sobre a sua vida pairava o sopro da morte! Ao contrário de seus irmãos, José era o homem que trilhou o caminho da morte e na verdade era ele quem deveria fazê-lo. Ele permitiu que Deus o conduzisse por esse caminho. É fácil falar em “caminho da morte” e de “morte”, mas existem mortes e mortes, existem renúncias e renúncias! O apóstolo Paulo diz isto claramente: “…levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal” (2 Co 4.10-11). – “…levando sempre no (nosso) corpo o morrer de Jesus…” Isto é ter uma vida profética! Apesar de que José não conheceu Jesus, em sua vida podemos reconhecer – profeticamente – a morte de Jesus. Podemos ver que a sua vida era provada pelo Verbo eterno, que mais tarde se tornou carne, a Palavra transformada em carne. O Salmo 105.17-19 mostra claramente o plano de Deus para a vida de José: “Adiante deles enviou um homem, José, vendido como escravo; cujos pés apertaram com grilhões e a quem puseram em ferros (isto é a sua morte), até cumprir-se a profecia a respeito dele, e tê-lo provado a palavra do Senhor”. Outra versão bíblica diz: “…a palavra do Senhor o provou” (ACF). Este era o alvo. E o que é a Palavra do Senhor? A Bíblia? Sim, porém é ainda algo mais: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14a). – “…a palavra do Senhor o provou”. Isso é o que Deus deseja ver em sua e em minha vida! Quando Ele nos prepara para seguirmos no caminho da morte, somos provados por Jesus Cristo e o Seu caráter molda o nosso. Abençoados são os que têm esse caráter! José era um desses homens abençoados! Nós também somos?
II. A vida de José era uma vida “de Deus”
Olhando sob o prisma puramente espiritual, onde estava a origem da vida profética e abençoada de José? Estava em seu pai Jacó! Isso é da maior importância. Uma pessoa pode até ser uma bênção para os outros; mas, se ela não refletir a vida de Cristo em sua vida, então ela não possui origem divina, ela não tem sua origem no Pai, em Deus. Usando linguagem bíblica: ela não é “nascida de Deus”. Toda moral, todas as boas obras, todas as tentativas de santificação, todos os esforços religiosos, todas as palavras piedosas e orações que provêm de uma vida não “nascida de Deus”, não terão qualquer valor para Deus!
Se você deseja ter uma vida profética como José, então você precisa ser “nascido de Deus”! Acho importante desenvolver um pouco esse aspecto básico.
O que significa esse “ser nascido de Deus”? A 1ª Epístola de João nos esclarece isso sem deixar dúvidas. Ela contém sete vezes a expressão “nascido de Deus” e nos mostra sete acontecimentos relacionados a ela:
1. “Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele” (1 Jo 2.29). Aqui temos a primeira conseqüência de “ser nascido de Deus”: a prática da justiça! Agora poderíamos concluir: eu vivo corretamente, não faço mal a ninguém, logo sou nascido de Deus. Não mesmo! A Bíblia não se refere apenas a viver corretamente, mas praticar a justiça, estar comprometido com a justiça. É isso o que significa ser justo diante de Deus. Mas isso não contradiz o que a Bíblia também afirma: “Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10). Lemos ainda: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30).
Assim, no sentido bíblico, viver corretamente não é “fazer o que é certo e não importunar ninguém” – pois isso é secundário – porém é ter compromisso com Jesus e significa: fazer aquilo que Deus quer. “Este é o meu Filho amado… a ele ouvi” (Mt 17.5b).
2. “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1 Jo 3.9). Esse versículo causa dificuldades para muitos filhos de Deus, quando dizem: Sou nascido de Deus, aceitei a Jesus, mas, apesar disso ainda peco muitas vezes, e agora leio que “esse não pode viver pecando”! Continuemos a leitura da Palavra de Deus, pois somente compreenderemos isso se também lermos o próximo “nascido de Deus”.
3. “…porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo” (1 Jo 5.4). Qual é a diferença? Em 1 João 3.9 diz: “Todo aquele que é nascido de Deus”. Agora chegamos mais perto do ponto central. Se você é um renascido, o que de fato é renascido em você? Seu corpo? Se o seu corpo fosse renascido, então você nunca mais adoeceria e nunca morreria. Graças a Deus, o nosso corpo não é renascido, pois assim ficaríamos para sempre nesse mundo carregado de maldição. Mas o que renasceu em nós? O espírito! O ser humano é formado por corpo, alma e espírito. No homem natural o espírito está morto por causa do pecado. Somente o espírito pode nascer novamente através da Palavra de Deus. Quem vivenciou o renascimento, experimenta o grande milagre de que um espírito renascido não pode pecar, pois aquilo que é “nascido de Deus” é perfeito e não pode pecar. O que, então, ainda pode pecar? A carne! Mas através disso o espírito fica maculado, a nova vida é represada e afugentada. Por isso é importante que cheguemos ao lugar onde podemos nos livrar da carne pecaminosa, e este lugar é a cruz do Gólgota, onde nos arriscamos a afirmar: “Estou crucificado com Cristo”. Quando o meu “eu” estiver crucificado, então o espírito renascido – onde mora o Espírito de Deus – poderá se desenvolver. Então se entenderá melhor o versículo “…todo o que é nascido de Deus vence o mundo”. Isso quer dizer: Primeiramente o espírito é transformado pelo novo nascimento e, aos poucos, as demais áreas do corpo e da alma são atingidas, como foi expresso pelo apóstolo Paulo: “…e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23b).
4. “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1 Jo 4.7). Antes de mais nada, esse versículo nos mostra que aquele que é renascido, o que é “nascido de Deus” não apenas crê em Deus e em Jesus, mas ele também ama o Senhor de todo o coração e com toda a alma. Como se identifica que esse amor é verdadeiro? O amor sincero doa! Onde houver amor verdadeiro ao Senhor não há nenhum sacrifício para entregar tudo. Ali só se poderá dizer: “De todo o coração, Senhor, toma a minha vida, pois Tu me amaste primeiro!” – Você já entregou tudo? Deus tem um grande interesse nisso. A Bíblia nos mostra que Ele não se interessa em primeira mão pela sua vida piedosa, seu conhecimento bíblico, sua inteligência, porém, somente nisso: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro, que ages tão infiel e impetuosamente, você me ama? E a resposta dele foi: “Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo” (Jo 21.17). O Senhor protege a todos que O amam. Você é nascido de Deus? Então você também ama ao Senhor e tudo pertence a Ele.
5. “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus” (1 Jo 5.1a). A fé, ou seja, a fé que agrada a Deus é resultado de alguém “nascido de Deus”. Essa fé se manifesta na vida do crente se Jesus realmente é o seu Senhor.
6. “…e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido” (1 Jo 5.1b).Isto é: quem ama a Deus também ama aos seus irmãos. Essa é uma maneira de comprovar se o seu renascimento é genuíno. Pode-se ter uma vida piedosa, pode-se fazer de tudo para desenvolver a piedade e, mesmo assim, ter uma atitude gélida para um irmão ou uma irmã que tenha uma opinião diferente da nossa. Por que há tanta falta de união entre as diferentes comunidades e igrejas? Paulo disse: “…pois todos eles buscam o que é seu próprio” (Fp 2.21a). Em outras palavras: a sua religião não tem Jesus como alvo, mas o seu “eu” piedosamente camuflado.
7. “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o Maligno não lhe toca” (1 Jo 5.18 – ACF). “…conserva-se a si mesmo”. A pessoa “nascida de Deus” muitas vezes é terrivelmente tentada. Ela pode sentir-se impelida a pecar com cada uma de suas células. No entanto, se essa pessoa viver corretamente diante do Senhor e tiver em mente essa maravilhosa palavra: “…o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo”, ela se agarra em Jesus. Assim vimos que quem é “nascido de Deus” produz fruto múltiplo com sete aspectos. Resumindo: 1. Praticar a justiça; 2. Não pecar; 3. Vencer o mundo; 4. Amar a Deus; 5. Ter fé; 6. Amor aos irmãos; 7. Conservar-se.
Você poderá argumentar: “Esse alvo é muito elevado! Não consigo alcançá-lo!” Certamente você não o alcançará com forças próprias; você não conseguirá produzi-lo em si mesmo. Mas a vida proveniente de Deus em você conseguirá fazê-lo, ela o produzirá. A única coisa que você não deverá fazer: você mesmo querer produzir essa vida. Deus não requer nenhum esforço de sua parte, mas somente isto: o seu “sim” total para Ele e o seu “não” total para o pecado. José agiu assim. Ele não era um homem perfeito. Por exemplo, ele gabou-se insensivelmente com os seus sonhos e, mesmo assim, ele tinha esse fruto múltiplo. Por quê? Porque ele participava daquilo que 2 Pedro 1.4 diz: “…vos torneis co-participantes da natureza divina”. A única condição indicada é livrar-se “da corrupção das paixões que há no mundo”. Foi o que José fez. E José foi tentado? Sim, provavelmente mais do que qualquer outro relatado no Antigo Testamento. Mas também nisso ele foi uma prefiguração do Senhor Jesus, pois o Senhor também foi tentado assim como nós, porém, sem pecado. José foi assediado e tentado, mas ele fugiu do pecado.
III. O alvo de Deus com a vida de José
Deus tinha um triplo objetivo: Primeiramente, com a sua ida ao Egito, José deveria preservar seus irmãos da morte pela fome (mais tarde eles puderam buscar mantimento lá). Em segundo lugar, ele teve a incumbência de manter seus irmãos – que representavam o povo de Israel – afastados dos outros povos da terra de Canaã, pois corriam o risco da miscigenação com estes. Por isso ele os trouxe para o Egito. Eles ficaram separados dos povos pagãos, na terra de Gósen. Em terceiro lugar, (o objetivo maior de Deus para a vida de José) ele colaborou para que Jesus – o Messias – pudesse vir para o Seu povo, devidamente preparado para Ele.
Deus também tem o mesmo alvo com os Seus filhos: Primeiramente, que levemos muitas pessoas do nosso convívio a Jesus, preservando-os da morte eterna. Em segundo lugar, que nossa vida santificada seja um incentivo para a santificação de nossos irmãos, para que eles fiquem guardados da miscigenação. Terceiro: que através de nossa vida frutífera apressemos a Vinda de nosso Senhor Jesus.
Vamos olhar um pouco mais sobre José. Afinal, quem era ele? Seus irmãos o consideravam como o menor e mais desprezado. Os versículos 2 e 4 de Gênesis 37 nos dizem que ele tinha 17 anos de idade e que era pastor de gado e que os seus irmãos eram seus inimigos. Ele era desprezado… esse é um dos pré-requisitos mais importantes para que o Senhor possa Se revelar através da nossa vida! Ser humilde, desprezado, um “João Ninguém”…! Teoricamente até sabemos isso, mas como é a prática no nosso cotidiano?
A Bíblia conta que Jesus, a mais alta Majestade, era “…desprezado e o mais rejeitado entre os homens” (Is 53.3a). Jesus diz de Si mesmo: “o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir…” (Mt 20.27-28).
Humildade – servir! Nosso maior problema é a nossa vaidade. O Senhor gostaria tanto de poder agir através da sua vida, se o seu “eu”, ou seja lá o que for, desse lugar! Sempre e sempre buscamos a nossa própria honra. Isso está arraigado em nossa carne e sangue. Mas os princípios de Deus são totalmente diferentes e a Bíblia nos mostra isso claramente: quando Deus quer realizar alguma coisa através de alguém, então Ele escolhe um “João Ninguém”, um “zero à esquerda”: “Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus” (1 Co 1.26-29). Mas o serviço do Senhor não requer sabedoria, santidade, justiça e redenção? Sim, isso é necessário (!) e o versículo 30 nos dá a resposta: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30). Jesus em você é tudo… só você não é nada!
José não era apenas o menor e mais desprezado, mas era também o mais amado por seu pai. Mas por quê? “…porque era filho da sua velhice” (Gn 37.3). O pai o amava especialmente por que ele era um dos seus últimos filhos. Isso não nos lembra imediatamente das palavras: “Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros” (Mt 19.30)? – Talvez você também tenha o desejo em seu coração, de ser amado pelo Pai. Você anela por isso, mas você precisa reconhecer: tanto tempo eu o enfrentei, tantos anos fui rebelde contra ele, somente depois de muito tempo tornei-me um verdadeiro filho de Deus. Neste caso, ouça essa feliz mensagem: Você pode se tornar em um amado pelo Pai, assim como José o foi!
Encontramos quatro razões pelas quais José era o amado de seu pai. A primeira razão é de natureza profética (nem Jacó e nem José sabiam disso): Deus havia escolhido José para revelar a Jesus Cristo através de sua vida. Assim, em Jesus Cristo – que ainda não havia vindo ao mundo – José já era o amado do Pai. Você também pode ser assim, pois está escrito: “…pela qual nos fez agradáveis a si no Amado” (Ef 1.6 – ACF). Portanto, quem vem a Jesus, quem O aceita como seu Salvador, esse é um amado aos olhos de Deus, através do Amado, o Filho!
A segunda razão – olhando superficialmente – não possui beleza alguma. Mas observando mais atentamente, trata-se de uma maravilhosa ação do Espírito Santo: José, ao contrário dos seus irmãos, procurava a comunhão com o pai de um modo especial. Ele tinha o forte desejo de estar com o seu pai. A Bíblia relata: “e José trazia más notícias deles (dos irmãos)a seu pai”. Sempre que ele ouvia algo ruim, ele contava imediatamente ao seu pai. Por isso passou a ser odiado pelos seus irmãos. Com isso vemos que José era “um com o pai”, ele tinha uma comunhão íntima com ele, pois o amava.
Outra razão: Porque José era o único que usava de franqueza com o seu pai. Ele lhe falava de tudo, não somente sobre o que seus irmãos faziam, mas também de si mesmo. Falava-lhe de seus sonhos – nada agradáveis para Jacó – pois neles o pai era retratado como o Sol, que se curvava diante de José. Era como uma criança, sincera e verdadeira.
Finalmente: Porque era obediente ao seu pai, mesmo que lhe fosse difícil. Ele deveria procurar os seus irmãos, que o odiavam. Quando o pai lhe falou: “Vem, enviar-te-ei a eles”, José respondeu: “Eis-me aqui” (Gn 37.13).
Observamos que José estava ligado ao seu pai através de quatro laços, quatro cordas de amor. Analisemos mais de perto, o seu significado prático.
A primeira corda: o Filho Jesus Cristo. É Jesus Cristo que nos liga intimamente com o Eterno Deus. A Salvação é o grande milagre. Nos corações de todas as pessoas brota a pergunta: “Como consigo chegar a Deus?” Os seguidores de todas as religiões (Hinduísmo, Budismo, Islamismo, etc.) estão à procura da maneira de se tornar um com o inacessível e eterno Deus, mas não a encontram. Há somente uma possibilidade – Jesus Cristo, que diz: “Eu sou o caminho” (Jo 14.6a).
A segunda corda: o desejo de comunhão com Deus.
A terceira corda: um coração sincero e aberto diante de Deus.
A quarta corda: disposição para seguir em qualquer caminho.
Vimos, também, que José não apenas era o amado do pai, mas também era a consciência de seus irmãos. Quando eles faziam algo errado na presença de José, eles temiam. Quando José estava presente não acontecia nada de que o pai não ficasse sabendo. Podemos extrair uma maravilhosa verdade disso: tudo o que os irmãos faziam era como se o fizessem na presença do pai, porque José estava presente. Era como se, através de José, o pai viesse ao encontro deles, pois José e seu pai “eram um”. Jesus nos diz: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). Por isso Jesus era a “consciência” para todas as pessoas que estavam com Ele. Em todos os lugares em que Jesus andava, por causa de Sua santidade, era como um espelho que revelava o pecado dessas pessoas. Esse é o segredo para se tornar uma pessoa abençoada. Você serve de “consciência” para sua vizinhança, seus filhos, seus colegas – não através de sermões e palavras bíblicas, mas “sendo um” com o Senhor?
José, o amado, recebeu um presente especial de seu pai: uma túnica colorida (Gn 37.3). Isso não nos lembra da ação de Deus, quando Ele viu Adão e Eva diante de Si, nus e cobertos por aventais de folhas de figueira? Ele lhes fez vestimentas de peles para eles. O próprio Deus as fez. Jacó representa uma figura de Deus. Ele fez uma túnica colorida para José… era um presente do pai para José e, em Isaías 61.10, encontramos uma passagem paralela:“Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça”. Você pode não se sentir justificado, mas Deus o veste com uma “túnica colorida”, com o manto de justiça. O guarda-roupas divino está à sua disposição! Quantas vezes Ele nos convida para nos vestirmos! Quando você se considerar muito indigno, Jó 40.10b lhe diz: “…veste-te de majestade e de glória”. Quando você sabe que o velho ser está deteriorado em você pelo pecado, Efésios 4.24a aconselha que “vos revistais do novo homem”. Quando você se sentir muito fraco e miserável, Isaías 52.1 conclama: “veste-te da tua fortaleza…”. A túnica colorida reflete suas cores em Colossenses 3.12 e 14: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade… amor”. Como acontece esse revestir-se? A Bíblia responde: “…mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo…” (Rm 13.14). Ele tem tudo o que você não tem! Ele consumou tudo o que você não consegue completar. Se a sua vida pretende ser uma vida profética, uma vida que reflete a Jesus Cristo, então você precisa dizer conscientemente: “Senhor, tome posse de minha vida agora”. Nesse caso você precisa aceitar a Jesus Cristo, pela primeira vez ou novamente, como a túnica colorida recebida do Pai, como o manto de justiça. É isso que você deseja?
Extraído de José – Jesus
Cada leitor tem a possibilidade de encontrar sua própria imagem nos diferentes problemas e nas diversas comparações que este livro traz sobre a vida de José.
Fonte: Chamada.com.br
“Habitou Jacó na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã. Esta é a história de Jacó. Tendo José dezessete anos, apascentava os rebanhos com seus irmãos; sendo ainda jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e trazia más notícias deles a seu pai. Ora, Israel amava mais a José que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas. Vendo, pois, seus irmãos que o pai o amava mais que a todos os outros filhos, odiaram-no e já não lhe podiam falar pacificamente” (Gn 37.1-4).
I. A vida de José era uma vida profética
O profeta é um homem através do qual Deus pode falar: vem a ser um “canal de comunicação” de Deus. Por esta razão, além das palavras e dos sonhos de José, também a sua vida, as experiências, a humilhação e as ações têm significado profético. Através da vida de José vemos reluzir, de maneira cristalina, a vida do Senhor Jesus aqui na terra. Certamente todos conhecemos este fato: quando ele procurou seus irmãos, acabou sendo rejeitado por eles. Ele foi humilhado, jogado numa cisterna e, posteriormente, na prisão. Assim como o Senhor Jesus, também José foi primeiramente vendido e posteriormente, exaltado, sentou-se no trono.
Por que a vida de José é considerada como profética, contrariamente à de seus irmãos? É muito importante que os filhos de Deus saibam isso. – Também a nossa vida deveria ser uma vida profética. Deus procura pessoas cuja vida ele possa transformar em uma profecia. Deus não tem apenas o grande desejo de que cheguemos ao céu, mas que, antes disso, o Seu Nome seja engrandecido através da revelação do Seu Filho Jesus em Seus filhos e através dos Seus filhos! Este alvo de Deus encontramos reiteradas vezes na Bíblia. Deus nos predestinou para sermos semelhantes à imagem do Seu Filho: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29). – “…meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl 4.19). É isto o que significa uma vida profética! Quando se olha para uma pessoa dessas, podemos enxergar Jesus. Suas ações, suas experiências, seus passos são exatamente iguais aos de Jesus Cristo. Isso aconteceu também com José.
Qual foi o segredo da sua vida profética? Sobre a sua vida pairava o sopro da morte! Ao contrário de seus irmãos, José era o homem que trilhou o caminho da morte e na verdade era ele quem deveria fazê-lo. Ele permitiu que Deus o conduzisse por esse caminho. É fácil falar em “caminho da morte” e de “morte”, mas existem mortes e mortes, existem renúncias e renúncias! O apóstolo Paulo diz isto claramente: “…levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal” (2 Co 4.10-11). – “…levando sempre no (nosso) corpo o morrer de Jesus…” Isto é ter uma vida profética! Apesar de que José não conheceu Jesus, em sua vida podemos reconhecer – profeticamente – a morte de Jesus. Podemos ver que a sua vida era provada pelo Verbo eterno, que mais tarde se tornou carne, a Palavra transformada em carne. O Salmo 105.17-19 mostra claramente o plano de Deus para a vida de José: “Adiante deles enviou um homem, José, vendido como escravo; cujos pés apertaram com grilhões e a quem puseram em ferros (isto é a sua morte), até cumprir-se a profecia a respeito dele, e tê-lo provado a palavra do Senhor”. Outra versão bíblica diz: “…a palavra do Senhor o provou” (ACF). Este era o alvo. E o que é a Palavra do Senhor? A Bíblia? Sim, porém é ainda algo mais: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14a). – “…a palavra do Senhor o provou”. Isso é o que Deus deseja ver em sua e em minha vida! Quando Ele nos prepara para seguirmos no caminho da morte, somos provados por Jesus Cristo e o Seu caráter molda o nosso. Abençoados são os que têm esse caráter! José era um desses homens abençoados! Nós também somos?
II. A vida de José era uma vida “de Deus”
Olhando sob o prisma puramente espiritual, onde estava a origem da vida profética e abençoada de José? Estava em seu pai Jacó! Isso é da maior importância. Uma pessoa pode até ser uma bênção para os outros; mas, se ela não refletir a vida de Cristo em sua vida, então ela não possui origem divina, ela não tem sua origem no Pai, em Deus. Usando linguagem bíblica: ela não é “nascida de Deus”. Toda moral, todas as boas obras, todas as tentativas de santificação, todos os esforços religiosos, todas as palavras piedosas e orações que provêm de uma vida não “nascida de Deus”, não terão qualquer valor para Deus!
Se você deseja ter uma vida profética como José, então você precisa ser “nascido de Deus”! Acho importante desenvolver um pouco esse aspecto básico.
O que significa esse “ser nascido de Deus”? A 1ª Epístola de João nos esclarece isso sem deixar dúvidas. Ela contém sete vezes a expressão “nascido de Deus” e nos mostra sete acontecimentos relacionados a ela:
1. “Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele” (1 Jo 2.29). Aqui temos a primeira conseqüência de “ser nascido de Deus”: a prática da justiça! Agora poderíamos concluir: eu vivo corretamente, não faço mal a ninguém, logo sou nascido de Deus. Não mesmo! A Bíblia não se refere apenas a viver corretamente, mas praticar a justiça, estar comprometido com a justiça. É isso o que significa ser justo diante de Deus. Mas isso não contradiz o que a Bíblia também afirma: “Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10). Lemos ainda: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30).
Assim, no sentido bíblico, viver corretamente não é “fazer o que é certo e não importunar ninguém” – pois isso é secundário – porém é ter compromisso com Jesus e significa: fazer aquilo que Deus quer. “Este é o meu Filho amado… a ele ouvi” (Mt 17.5b).
2. “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1 Jo 3.9). Esse versículo causa dificuldades para muitos filhos de Deus, quando dizem: Sou nascido de Deus, aceitei a Jesus, mas, apesar disso ainda peco muitas vezes, e agora leio que “esse não pode viver pecando”! Continuemos a leitura da Palavra de Deus, pois somente compreenderemos isso se também lermos o próximo “nascido de Deus”.
3. “…porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo” (1 Jo 5.4). Qual é a diferença? Em 1 João 3.9 diz: “Todo aquele que é nascido de Deus”. Agora chegamos mais perto do ponto central. Se você é um renascido, o que de fato é renascido em você? Seu corpo? Se o seu corpo fosse renascido, então você nunca mais adoeceria e nunca morreria. Graças a Deus, o nosso corpo não é renascido, pois assim ficaríamos para sempre nesse mundo carregado de maldição. Mas o que renasceu em nós? O espírito! O ser humano é formado por corpo, alma e espírito. No homem natural o espírito está morto por causa do pecado. Somente o espírito pode nascer novamente através da Palavra de Deus. Quem vivenciou o renascimento, experimenta o grande milagre de que um espírito renascido não pode pecar, pois aquilo que é “nascido de Deus” é perfeito e não pode pecar. O que, então, ainda pode pecar? A carne! Mas através disso o espírito fica maculado, a nova vida é represada e afugentada. Por isso é importante que cheguemos ao lugar onde podemos nos livrar da carne pecaminosa, e este lugar é a cruz do Gólgota, onde nos arriscamos a afirmar: “Estou crucificado com Cristo”. Quando o meu “eu” estiver crucificado, então o espírito renascido – onde mora o Espírito de Deus – poderá se desenvolver. Então se entenderá melhor o versículo “…todo o que é nascido de Deus vence o mundo”. Isso quer dizer: Primeiramente o espírito é transformado pelo novo nascimento e, aos poucos, as demais áreas do corpo e da alma são atingidas, como foi expresso pelo apóstolo Paulo: “…e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23b).
4. “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1 Jo 4.7). Antes de mais nada, esse versículo nos mostra que aquele que é renascido, o que é “nascido de Deus” não apenas crê em Deus e em Jesus, mas ele também ama o Senhor de todo o coração e com toda a alma. Como se identifica que esse amor é verdadeiro? O amor sincero doa! Onde houver amor verdadeiro ao Senhor não há nenhum sacrifício para entregar tudo. Ali só se poderá dizer: “De todo o coração, Senhor, toma a minha vida, pois Tu me amaste primeiro!” – Você já entregou tudo? Deus tem um grande interesse nisso. A Bíblia nos mostra que Ele não se interessa em primeira mão pela sua vida piedosa, seu conhecimento bíblico, sua inteligência, porém, somente nisso: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro, que ages tão infiel e impetuosamente, você me ama? E a resposta dele foi: “Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo” (Jo 21.17). O Senhor protege a todos que O amam. Você é nascido de Deus? Então você também ama ao Senhor e tudo pertence a Ele.
5. “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus” (1 Jo 5.1a). A fé, ou seja, a fé que agrada a Deus é resultado de alguém “nascido de Deus”. Essa fé se manifesta na vida do crente se Jesus realmente é o seu Senhor.
6. “…e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido” (1 Jo 5.1b).Isto é: quem ama a Deus também ama aos seus irmãos. Essa é uma maneira de comprovar se o seu renascimento é genuíno. Pode-se ter uma vida piedosa, pode-se fazer de tudo para desenvolver a piedade e, mesmo assim, ter uma atitude gélida para um irmão ou uma irmã que tenha uma opinião diferente da nossa. Por que há tanta falta de união entre as diferentes comunidades e igrejas? Paulo disse: “…pois todos eles buscam o que é seu próprio” (Fp 2.21a). Em outras palavras: a sua religião não tem Jesus como alvo, mas o seu “eu” piedosamente camuflado.
7. “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o Maligno não lhe toca” (1 Jo 5.18 – ACF). “…conserva-se a si mesmo”. A pessoa “nascida de Deus” muitas vezes é terrivelmente tentada. Ela pode sentir-se impelida a pecar com cada uma de suas células. No entanto, se essa pessoa viver corretamente diante do Senhor e tiver em mente essa maravilhosa palavra: “…o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo”, ela se agarra em Jesus. Assim vimos que quem é “nascido de Deus” produz fruto múltiplo com sete aspectos. Resumindo: 1. Praticar a justiça; 2. Não pecar; 3. Vencer o mundo; 4. Amar a Deus; 5. Ter fé; 6. Amor aos irmãos; 7. Conservar-se.
Você poderá argumentar: “Esse alvo é muito elevado! Não consigo alcançá-lo!” Certamente você não o alcançará com forças próprias; você não conseguirá produzi-lo em si mesmo. Mas a vida proveniente de Deus em você conseguirá fazê-lo, ela o produzirá. A única coisa que você não deverá fazer: você mesmo querer produzir essa vida. Deus não requer nenhum esforço de sua parte, mas somente isto: o seu “sim” total para Ele e o seu “não” total para o pecado. José agiu assim. Ele não era um homem perfeito. Por exemplo, ele gabou-se insensivelmente com os seus sonhos e, mesmo assim, ele tinha esse fruto múltiplo. Por quê? Porque ele participava daquilo que 2 Pedro 1.4 diz: “…vos torneis co-participantes da natureza divina”. A única condição indicada é livrar-se “da corrupção das paixões que há no mundo”. Foi o que José fez. E José foi tentado? Sim, provavelmente mais do que qualquer outro relatado no Antigo Testamento. Mas também nisso ele foi uma prefiguração do Senhor Jesus, pois o Senhor também foi tentado assim como nós, porém, sem pecado. José foi assediado e tentado, mas ele fugiu do pecado.
III. O alvo de Deus com a vida de José
Deus tinha um triplo objetivo: Primeiramente, com a sua ida ao Egito, José deveria preservar seus irmãos da morte pela fome (mais tarde eles puderam buscar mantimento lá). Em segundo lugar, ele teve a incumbência de manter seus irmãos – que representavam o povo de Israel – afastados dos outros povos da terra de Canaã, pois corriam o risco da miscigenação com estes. Por isso ele os trouxe para o Egito. Eles ficaram separados dos povos pagãos, na terra de Gósen. Em terceiro lugar, (o objetivo maior de Deus para a vida de José) ele colaborou para que Jesus – o Messias – pudesse vir para o Seu povo, devidamente preparado para Ele.
Deus também tem o mesmo alvo com os Seus filhos: Primeiramente, que levemos muitas pessoas do nosso convívio a Jesus, preservando-os da morte eterna. Em segundo lugar, que nossa vida santificada seja um incentivo para a santificação de nossos irmãos, para que eles fiquem guardados da miscigenação. Terceiro: que através de nossa vida frutífera apressemos a Vinda de nosso Senhor Jesus.
Vamos olhar um pouco mais sobre José. Afinal, quem era ele? Seus irmãos o consideravam como o menor e mais desprezado. Os versículos 2 e 4 de Gênesis 37 nos dizem que ele tinha 17 anos de idade e que era pastor de gado e que os seus irmãos eram seus inimigos. Ele era desprezado… esse é um dos pré-requisitos mais importantes para que o Senhor possa Se revelar através da nossa vida! Ser humilde, desprezado, um “João Ninguém”…! Teoricamente até sabemos isso, mas como é a prática no nosso cotidiano?
A Bíblia conta que Jesus, a mais alta Majestade, era “…desprezado e o mais rejeitado entre os homens” (Is 53.3a). Jesus diz de Si mesmo: “o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir…” (Mt 20.27-28).
Humildade – servir! Nosso maior problema é a nossa vaidade. O Senhor gostaria tanto de poder agir através da sua vida, se o seu “eu”, ou seja lá o que for, desse lugar! Sempre e sempre buscamos a nossa própria honra. Isso está arraigado em nossa carne e sangue. Mas os princípios de Deus são totalmente diferentes e a Bíblia nos mostra isso claramente: quando Deus quer realizar alguma coisa através de alguém, então Ele escolhe um “João Ninguém”, um “zero à esquerda”: “Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus” (1 Co 1.26-29). Mas o serviço do Senhor não requer sabedoria, santidade, justiça e redenção? Sim, isso é necessário (!) e o versículo 30 nos dá a resposta: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30). Jesus em você é tudo… só você não é nada!
José não era apenas o menor e mais desprezado, mas era também o mais amado por seu pai. Mas por quê? “…porque era filho da sua velhice” (Gn 37.3). O pai o amava especialmente por que ele era um dos seus últimos filhos. Isso não nos lembra imediatamente das palavras: “Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros” (Mt 19.30)? – Talvez você também tenha o desejo em seu coração, de ser amado pelo Pai. Você anela por isso, mas você precisa reconhecer: tanto tempo eu o enfrentei, tantos anos fui rebelde contra ele, somente depois de muito tempo tornei-me um verdadeiro filho de Deus. Neste caso, ouça essa feliz mensagem: Você pode se tornar em um amado pelo Pai, assim como José o foi!
Encontramos quatro razões pelas quais José era o amado de seu pai. A primeira razão é de natureza profética (nem Jacó e nem José sabiam disso): Deus havia escolhido José para revelar a Jesus Cristo através de sua vida. Assim, em Jesus Cristo – que ainda não havia vindo ao mundo – José já era o amado do Pai. Você também pode ser assim, pois está escrito: “…pela qual nos fez agradáveis a si no Amado” (Ef 1.6 – ACF). Portanto, quem vem a Jesus, quem O aceita como seu Salvador, esse é um amado aos olhos de Deus, através do Amado, o Filho!
A segunda razão – olhando superficialmente – não possui beleza alguma. Mas observando mais atentamente, trata-se de uma maravilhosa ação do Espírito Santo: José, ao contrário dos seus irmãos, procurava a comunhão com o pai de um modo especial. Ele tinha o forte desejo de estar com o seu pai. A Bíblia relata: “e José trazia más notícias deles (dos irmãos)a seu pai”. Sempre que ele ouvia algo ruim, ele contava imediatamente ao seu pai. Por isso passou a ser odiado pelos seus irmãos. Com isso vemos que José era “um com o pai”, ele tinha uma comunhão íntima com ele, pois o amava.
Outra razão: Porque José era o único que usava de franqueza com o seu pai. Ele lhe falava de tudo, não somente sobre o que seus irmãos faziam, mas também de si mesmo. Falava-lhe de seus sonhos – nada agradáveis para Jacó – pois neles o pai era retratado como o Sol, que se curvava diante de José. Era como uma criança, sincera e verdadeira.
Finalmente: Porque era obediente ao seu pai, mesmo que lhe fosse difícil. Ele deveria procurar os seus irmãos, que o odiavam. Quando o pai lhe falou: “Vem, enviar-te-ei a eles”, José respondeu: “Eis-me aqui” (Gn 37.13).
Observamos que José estava ligado ao seu pai através de quatro laços, quatro cordas de amor. Analisemos mais de perto, o seu significado prático.
A primeira corda: o Filho Jesus Cristo. É Jesus Cristo que nos liga intimamente com o Eterno Deus. A Salvação é o grande milagre. Nos corações de todas as pessoas brota a pergunta: “Como consigo chegar a Deus?” Os seguidores de todas as religiões (Hinduísmo, Budismo, Islamismo, etc.) estão à procura da maneira de se tornar um com o inacessível e eterno Deus, mas não a encontram. Há somente uma possibilidade – Jesus Cristo, que diz: “Eu sou o caminho” (Jo 14.6a).
A segunda corda: o desejo de comunhão com Deus.
A terceira corda: um coração sincero e aberto diante de Deus.
A quarta corda: disposição para seguir em qualquer caminho.
Vimos, também, que José não apenas era o amado do pai, mas também era a consciência de seus irmãos. Quando eles faziam algo errado na presença de José, eles temiam. Quando José estava presente não acontecia nada de que o pai não ficasse sabendo. Podemos extrair uma maravilhosa verdade disso: tudo o que os irmãos faziam era como se o fizessem na presença do pai, porque José estava presente. Era como se, através de José, o pai viesse ao encontro deles, pois José e seu pai “eram um”. Jesus nos diz: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). Por isso Jesus era a “consciência” para todas as pessoas que estavam com Ele. Em todos os lugares em que Jesus andava, por causa de Sua santidade, era como um espelho que revelava o pecado dessas pessoas. Esse é o segredo para se tornar uma pessoa abençoada. Você serve de “consciência” para sua vizinhança, seus filhos, seus colegas – não através de sermões e palavras bíblicas, mas “sendo um” com o Senhor?
José, o amado, recebeu um presente especial de seu pai: uma túnica colorida (Gn 37.3). Isso não nos lembra da ação de Deus, quando Ele viu Adão e Eva diante de Si, nus e cobertos por aventais de folhas de figueira? Ele lhes fez vestimentas de peles para eles. O próprio Deus as fez. Jacó representa uma figura de Deus. Ele fez uma túnica colorida para José… era um presente do pai para José e, em Isaías 61.10, encontramos uma passagem paralela:“Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça”. Você pode não se sentir justificado, mas Deus o veste com uma “túnica colorida”, com o manto de justiça. O guarda-roupas divino está à sua disposição! Quantas vezes Ele nos convida para nos vestirmos! Quando você se considerar muito indigno, Jó 40.10b lhe diz: “…veste-te de majestade e de glória”. Quando você sabe que o velho ser está deteriorado em você pelo pecado, Efésios 4.24a aconselha que “vos revistais do novo homem”. Quando você se sentir muito fraco e miserável, Isaías 52.1 conclama: “veste-te da tua fortaleza…”. A túnica colorida reflete suas cores em Colossenses 3.12 e 14: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade… amor”. Como acontece esse revestir-se? A Bíblia responde: “…mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo…” (Rm 13.14). Ele tem tudo o que você não tem! Ele consumou tudo o que você não consegue completar. Se a sua vida pretende ser uma vida profética, uma vida que reflete a Jesus Cristo, então você precisa dizer conscientemente: “Senhor, tome posse de minha vida agora”. Nesse caso você precisa aceitar a Jesus Cristo, pela primeira vez ou novamente, como a túnica colorida recebida do Pai, como o manto de justiça. É isso que você deseja?
Extraído de José – Jesus
Cada leitor tem a possibilidade de encontrar sua própria imagem nos diferentes problemas e nas diversas comparações que este livro traz sobre a vida de José.