Ex-garota de programa vê na igreja forma de tirar jovens da prostituição
Após ser evangelizada por cliente “diferente”, viveu uma mudança radical
A conversão de Dulci Paina duas semanas atrás chamou atenção da mídia de Campo Grande. Ex-garota de programa, ela conta que ganhava até R$ 1,5 mil por noite. Lembra ainda que o lado financeiro sempre pesava muito na hora de decidir trocar de profissão. “Infelizmente durante esses meses eu optei pela forma mais rápida de ganhar dinheiro, mas isso não quer dizer que era a forma mais fácil. Nunca foi fácil transar com outros homens. A primeira vez foi tão difícil que não consegui”, contou ao G1.
A decisão de mudar de vida ocorreu de maneira inusitada, durante um encontro com um cliente diferente. “Chegamos no quarto e eu já estava preparada para fazer o que sempre fiz com os clientes, mas ele falou que não queria nada comigo e que estava ali porque Deus o havia mandado para me ajudar. Pediu para eu me olhar no espelho e falou que eu era uma menina bonita, gente boa e que eu não precisava mais fazer aquilo. Que Deus tinha um propósito na minha vida”, explica. Esse cliente deu a ela um livro evangélico, que inicialmente foi ignorado.
“Eu não queria ler porque no fundo eu sabia que se eu me aproximasse de Deus ia acabar largando essa vida”, justifica Dulci. Algum tempo depois, sua sobrinha abriu o livro de maneira aleatória e leu o trecho que dizia: “Deus nos dava o caminho das bênçãos e maldições e que eu deveria escolher o que eu quisesse”. Aquilo mexeu com ela. Na semana seguinte, recebeu um convite para ir a um culto e aceitou.
Sua vida mudou radicalmente. Decidiu largar definitivamente a profissão e começou a frequentar a igreja. Hoje ela é empresária, dona de uma loja de roupas e acessórios femininos e masculinos. Mas para sua surpresa, a decisão gerou polêmica. “Antes, me criticavam porque eu era garota de programa, vendia sexo. Agora que eu decidi me converter, aceitar Deus e mudar de vida, também sou criticada. Que sociedade é essa em que vivemos, em que as pessoas se acham no direito de julgar?”, questiona.
Antes de entrar para a prostituição, ela trabalhou como vendedora em uma loja. Conta que entrou nesse caminho em maio deste ano, por causa da tentação financeira. Mas hoje vê tudo de maneira diferente
Dulci sabe que não será fácil as pessoas esquecerem o seu passado, mas ela não se importa. Para ela o que importa é o futuro. “Ele [Deus] não disse que seria fácil. Servir a Deus é um desafio constante. Todos os dias o pecado vem e bate na sua porta. Mas quando você está firme no seu propósito fica mais fácil”.
Ela pretende ainda ajudar a tirar outras mulheres da vida da prostituição. Mas sabe que ainda precisa crescer na fé: “Por enquanto eu estou me fortalecendo, conhecendo mais sobre Deus e adquirindo sabedoria, para poder fazer esse trabalho de ajuda”.