É honra ser chamado de conservador, diz Marcos Rogério
Relator do processo contra Cunha é membro da Assembleia de Deus
Nas últimas semanas, o deputado federal Marcos Rogério (DEM/RO) dividiu as atenções com Eduardo Cunha (PMDB/RJ). O rondoniense foi o relator do processo que pedia na Comissão de Ética da Câmara a cassação de Cunha, acusado de ter mentido sobre possuir contas no exterior.
Parte da imprensa afirmava que, por ser membro da bancada evangélica, à qual Cunha também afirmava pertencer, ele ficaria ao lado do presidente afastado da Casa. Não foi o que aconteceu, ele pediu a cassação no seu relatório, que acabou sendo aprovado pela Comissão.
Curiosamente, tanto Marcos Rogério quanto Eduardo Cunha estão ligados à Assembleia de Deus. Os dois dividem por exemplo, a autoria do PL 5069/2013, que tipifica como “crime contra a vida” o anúncio de meio abortivo e prevê penas específicas para quem induz a gestante à prática de aborto.
Com perfil mais discreto, o democrata não costuma destacar sua filiação religiosa como o mais importante de seu mandato. Isso não significa que não considere isso importante, afirmando sentir-se honrado ao ser chamado de conservador.
Em entrevista ao Gospel Prime, ele explicou que pelo fato de o Congresso Nacional ser “a expressão da sociedade” é natural que tenha uma representação evangélica, que já soma cerca de 30% dos brasileiros
Para ele, o objetivo da bancada não é impor suas ideias nem transformar o país em uma teocracia. “Ela defende a Constituição, a qual afirma que a família é a base da sociedade e por isso precisa de proteção especial do governo”, esclarece.
Deputado em segundo mandato, ele foi por 12 anos repórter de TV e radialista, tendo exercido o mandato de vereador por sua cidade natal, Ji-Paraná, em Rondônia. Também é advogado constitucionalista, o que o deixa muito a vontade para afirmar que o trabalho da Frente Parlamentar Evangélica é defender uma prerrogativa da Constituição.
“Somos um Estado Laico (sem religião) e não laicista (que se opõe a religião), sublinha.
O parlamentar entende que o trabalho de um deputado, independente de sua religião é defender a sociedade. Por isso, é consenso entre os membros da bancada que é preciso trabalhar pelo acesso a uma educação de qualidade.
Ao ser questionado sobre a controvérsia com a remoção dos conteúdos como o “kit gay”, assegura que na verdade a proposta foi de uma “escola sem homofobia”, que ensina o respeito, mas não aceita que as questões de sexualidade sejam ensinadas em aulas como matemática e geografia, por exemplo, como queria o projeto do Ministério da Educação do governo petista.
Mesmo com a troca de governo, ele está lutando pela reforma curricular, livre de ideologias. Como participante da Frente Parlamentar Evangélica, insiste que sua função é a defesa de valores, de princípios e de boas políticas. Ao mesmo tempo, reconhece que existem membros dela que “são processadas, julgadas e condenadas”, pois afinal são pessoas e logo, “não são perfeitas”.
Ser “conservador significa resguardar o que a Constituição nos orienta”, assevera Rogério. Destaca ainda que “falhas você vai encontrar em todos os segmentos, religiosos e não religiosos”, mas que “nós temos uma bancada que é uma referência no Congresso Nacional na defesa do que mais interessa à sociedade”. As bandeiras são bem conhecidas e lembradas por ele: família, vida (como bem jurídico inviolável) e contrária a liberação do aborto e das drogas.
Gospel Prime