Conselho de pastores exige garantias de Dilma sobre aborto e casamento gay
Articulação política não se resume à bancada evangélica
Quatro anos atrás, todos os candidatos a presidente pareciam querer o apoio dos evangélicos. Nas eleições de 2010, antes ainda do primeiro turno, a petista caiu nas pesquisas. Um dos motivos apontados na época foram a movimentação nos templos que alertavam que ela aprovaria o aborto e o casamento gay.
Marina Silva não atraiu nenhum líder de expressão e ainda foi criticada por vários devido algumas de suas posturas. José Serra colocou em seu programa na TV Valdemiro Santiago e Silas Malafaia. Dilma, por sua vez, costurou acordos que envolveram os senadores (hoje ministro) Marcelo Crivela (PRB-RJ), da Igreja Universal; Magno Malta (PR-ES) e Walter Pinheiro (PT-BA), da Igreja Batista; e o bispo Robson Rodovalho (então deputado pelo PR-DF), da Sara Nossa Terra.
Os principais tópicos que influenciaram a discussão naquela época e que voltam a pauta agora foram temas polêmicos, como o aborto e o casamento gay. Como Dilma não cumpriu o que prometeu, nesse período o Brasil está mais “liberal” nessas questões.
Se por um lado a chamada “bancada evangélica” tem batido de frente com o governo, agora a Confederação dos Conselhos de Pastores Evangélicos do Brasil (Concepab) quer elaborar uma pauta unificada e agendar reuniões com todos os pré-candidatos à Presidência.
O objetivo seria ouvir o que eles farão no tocantes aos assuntos que contrariam os princípios cristãos. No final, o grupo discutirá um eventual apoio nas eleições. O recado para Dilma é claro, eles exigem compromisso de que a presidente não apoiará a “flexibilização” da lei sobre aborto nem dará ‘privilégios’ aos homossexuais.
Alguns políticos evangélicos que quatro anos atrás apoiaram Dilma já avisaram que nesta eleição a coisa será diferente. Um dos mais contundentes é o pastor Marco Feliciano que após ser massacrado pelos petistas enquanto estava à frente da Comissão de Direitos Humanos já afirmou que a presidente não terá seu apoio.
Algumas movimentações tem sido feitas pelo Palácio do Planalto para evitar um confronto direto com osevangélicos. No final do ano passado, Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais, orientou os governistas para barrarem o projeto que criminaliza a homofobia. Ela os instruiu a votarem a proposta somente após as eleições. O motivo é justamente o temor de prejuízos à campanha de Dilma.
Quando Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, foi filmado afirmando que o PT precisava travar uma “batalha” contra os “evangélicos conservadores que têm uma visão do mundo controlada por pastores de televisão”. Mesmo tendo se desculpado posteriormente, foi duramente criticado por líderes como o senador Magno Malta (PR/ ES) que o classificou de “safado” e “mentiroso”.
Após a repercussão negativa, ele se desculpou, posteriormente apareceu em fotos ao lado das cantoras gospel que foram visitar Dilma em um encontro articulado pelo Ministro da Pesca, Marcelo Crivella.
Ano passado, o pastor Silas Malafaia criticou a CONCEPAB, chamando-os de “ilustres desconhecidos” após ser divulgado que estariam conversando com a Rede Globo sobre o tratamento que os evangélicos recebiam da emissora. Com informações Último Segundo