A cruz perdeu seu significado religioso, afirma importante líder cristão
Símbolo não teria mais a importância de antes
O arcebispo Justin Welby é o atual líder mundial da Igreja Episcopal Anglicana. Nos últimos tempos, a denominação tem se debatido com o esvaziamento de suas igrejas. Atualmente, apenas 8% das pessoas entre 30 e 50 anos frequentam a Igreja oficial do Reino Unido. Além disso, Welby tem recebido constante pressão para a aprovação do casamento gay, pois muitos de seus bispos dizem que a Bíblia é inconclusiva em relação à homossexualidade.
Por ser um líder influente, suas declarações sempre têm grande repercussão. Um texto escrito por ele para um livro ainda não lançado, revelado pelo jornal Daily Mail, rendeu-lhe muitas críticas. Nele, o arcebispo Welby questiona a maneira como a cruz é vista no século 21: “Será que estamos vendo agora a cruz ser um símbolo esvaziado de poder pelo tempo e pela moda?”.
Durante os primeiros séculos, usar uma cruz podia ser uma sentença de morte e, de modo geral, era um símbolo de vergonha extrema. Agora, defende Welby, ela “é mais comumente vista como um símbolo de beleza para se pendurar no pescoço”.
O problema, acredita o arcebispo, é que a cruz como símbolo está banalizada e deixou de chocar ou desafiar as pessoas. Para ele, em nossos dias, trata-se mais de uma questão de moda, sem um significado necessariamente religioso.
O texto completo de Welby fará parte do livro “Olhar Através da cruz”, escrito pelo Dr. Graham Tomlin, professor de uma influente faculdade de teologia em Londres. Embora o material tenha recebido muitas críticas, aparentemente o tom provocativo visa gerar uma reflexão.
O final do texto diz: “O cristianismo de uma cruz sem poder equivale a um cristianismo sem um trono para Cristo ou uma aspiração para os cristãos… Não vale a pena levar uma cruz que não tem esse peso. Precisamos olhar além da cruz e buscar de novo o seu peso… este símbolo deveria representar o encontro mais profundo e uma mudança radical para os cristãos”.
A prática da crucificação foi abolida no século 4, quando o cristianismo já era a religião oficial do Império Romano. Este ano, após uma longa batalha jurídica, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos emitiu uma decisão histórica afirmando que os cristãos podem usar uma cruz no trabalho.
Algumas empresas europeias haviam proibido seus empregados de ostentar símbolos religiosos no trabalho, equivalendo por exemplo, uma corrente contendo uma cruz com o hijab, lenço usado pelas mulheres muçulmanas.