Marco Feliciano abre o jogo sobre a eleição de 2014
Em uma longa entrevista ao portal IG, o deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP) falou sobre várias questões relacionadas à política e, como de costume, gerou polêmica, com suas declarações fortes.
Feliciano acredita que já deixou de ser um político identificado apenas com a corrente evangélica, ocupando hoje um espaço importante entre os eleitores conservadores, de todas as religiões. Afirma já ter se mostrado “uma pessoa firme que suporta pressão” e assegura : “Talvez eu revelei ao país uma espécie de político que parece que está em extinção: o político com posicionamento”.
Ainda não sabe se vai concorrer a uma vaga no Senado em 2014. Explica que a decisão não depende apenas de si. Contudo, não esconde que gostaria de ver como seria a disputa dele com Eduardo Suplicy (PT). “Seria uma luta bonita, porque o sobrenome Suplicy está atrelado a tudo o que contraria a nós (evangélicos)”, assevera.
Ao falar sobre os candidatos à Presidência da República, é direto. Ao falar sobre a ex-senadora Marina Silva, que também é evangélica, se mostra decepcionado. “Por que negar sua fé? Só para inglês ver? O meu problema com o casamento gay não é um papel, um documento. É o que o documento vai dar a eles (homossexuais), como a adoção. A Marina sabendo do nosso posicionamento não se posicionou”. Uma referência à postura dela na última eleição, quando concorreu pelo PV.
Também comentou sobre o parceiro na chapa de Marina. “Tinha simpatia (por Eduardo Campos do PSB), já estive com ele”. O que mudou? Feliciano disse que mudou de ideia ao ler declarações dele sobre cobrança de impostos das igrejas. “Para que ferir um povo que tem peso de voto?… Campos é mal assessorado”, sentencia.
O partido de Feliciano apoiou Dilma em 2010, mas ele afirma que ela enganou os evangélicos. Durante a campanha a então candidata divulgou carta onde prometeu que não tomaria “a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no país”. Contudo, as decisões posteriores de Dilma mostraram que ela não pretende cumprir o compromisso. “Eu não posso caminhar ao lado dela”, sentencia Feliciano. Ele sabe bem qual foi a postura do PT durante as polêmicas envolvendo sua atuação à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
Por isso, Feliciano defende a candidatura própria do PSC, com o pastor Everaldo Dias Pereira.
Questionado sobre sua atuação na Câmara, Feliciano afirma que o projeto de decreto legislativo 234/2011, pode ser debatido novamente na comissão em 2014. “O projeto não morreu, ele foi retirado de pauta. O autor do projeto, deputado João Campos (PSDB-GO), pode voltar (a colocá-lo em discussão) a qualquer momento no próximo pleito”, alerta.
Apelidado de “cura gay” pela mídia, o fato é que o projeto marcou a trajetória de Feliciano na CDHM. Ele entrega o cargo de presidente em fevereiro, quando o Congresso voltar do recesso. Ele afirma que houve excessos na discussão do assunto. “A maldita cura gay, que de cura não tem nada, é um projeto que sustava uma resolução [do Conselho Federal de Psicologia] que para mim é criminosa… A homossexualidade não é um assunto esgotado, não é científico, não existe um gene gay”, dispara.
Mas essa não é a única bandeira do seu mandato. Atualmente Feliciano e os membros da chamada Bancada Evangélica, travam outra batalha por causa do projeto de lei complementar (PLC 122/2006) que pretende equiparar ao racismo a discriminação ou o preconceito contra os homossexuais.
O texto original já foi reescrito várias vezes. A última retirou a palavra “homofobia” e passou a explicitar a liberdade dos templos em recusar pessoas cuja orientação sexual contraria a sua orientação religiosa. Mesmo assim, a frente evangélica ainda quer obstruir sua votação na comissão do Senado. “Esse projeto é um projeto natimorto, demonizado como o da cura gay”, explica Feliciano. “Por mais que se tente melhorá-lo, já ficou uma marca de que ele é um projeto de gay contra evangélico.”
Por fim, outra declaração polêmica. Enquanto o mundo ainda fala da morte do ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, Feliciano tem críticas a ele.
“Quem mata uma criança, para mim, não é meu amigo. Então Mandela implantou a cultura que chamamos de cultura da morte dentro da África do Sul”, explicando que o ex-presidente legalizou o aborto em 1996. “Até hoje os índices de aborto na África do Sul são dos maiores do mundo. Então, nesse quesito, Mandela não foi feliz”, sentencia.
Contudo, Feliciano faz elogios a Mandela na questão da igualdade racial, especialmente o fim do apartheid. Sendo relator do projeto de lei que pode destinar 20% das vagas em concursos público para negros. “Meu voto vai ser uma homenagem a Mandela”, avisa, antecipando que dará parecer favorável às cotas.
Gospel Prime