TV aberta pode ser invadida por igrejas após cortes do governo Bolsonaro
O governo de Jair Bolsonaro cortou os gastos em publicidade federal e de estatais na TV, por isso, todas as TVs abertas já trabalham com pessimismo e expectativa de grandes prejuízos em 2019.
Quem está de olho neste corte de gastos do governo federal são as igrejas evangélicas.
Com exceção da Globo, todas as demais emissoras abertas (inclusive as menores, como TV Gazeta) nas últimas semanas estão sendo assediadas por pastores e igrejas interessados em comprar horários nas grades de programação, de acordo com informações da coluna do Ricardo Feltrin, do UOL.
Sem dinheiro algum do governo, emissoras como RedeTV e Band enfrentam grave crise, e devem não só encerrar programas e demitir quadros (o que já está ocorrendo), como colocar igrejas para ocupar esse espaço, já que elas pagam por isso e se trata de um ganho praticamente líquido.
O que está em risco, com isso, é a TV aberta brasileira retornar ao seu estado na primeira metade desta década, quando as igrejas chegaram a ter 4.800 horas de programação nas TVs abertas e paga, segundo Feltrin.
Dois anos atrás, o colunista Maurício Stycer, do UOL, revelou cerca de 21% da aberta ainda era ocupada por programas religiosos.
Desde que o governo Bolsonaro assumiu, praticamente toda a verba de órgãos e empresas como BNDES, CEF, Petrobras e BB, entre outras, sumiu da TV.
A RedeTV ameaça demitir 40% de seus funcionários, como publicou Flávio Ricco, do UOL.
A Band está em dificuldades e num enorme processo de mudanças internas. Record e SBT também devem amargar prejuízos em 2019.
A Record, no entanto, ainda tem arrimo financeiro da Igreja Universal, que compra parte da grade de suas madrugadas. Já o SBT hoje ainda vive com enorme volume de anúncios oriundos do próprio Grupo Silvio Santos.
A Globo também terá resultado negativo em 2019 (após perdas no ano passado), mas já está num processo de enxugamento e reconfiguração, o que lhe dá maiores chances de sobrevivência.
Vale lembrar ainda que, segundo a legislação atual, não há impedimento algum que emissoras de TV abertas ou fechadas vendam ou “aluguem” parte de suas grades para igrejas (ou outras entidades e empresas). A legislação atual é dúbia e omissa.
Em todo caso, se o objetivo era minar a declarada “inimiga” TV Globo, o bolsonarismo acabou afetando a toda a TV aberta (e paga) do país. Inclusive as que lhe eram simpáticas, conclui Ricardo Feltrin.
Fonte: Coluna do Ricardo Feltrin – UOL