Peça de teatro com Jesus transgênero revolta católicos e evangélicos
“O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” é uma peça de teatro que tem a intensão de provocar. Apresentada no Festival Internacional de Londrina, Paraná, no último final de semana, gerou revolta tanto de católicos quanto de evangélicos.
Além do tema polêmico, o fato de ser apresentada dentro da Capela Ecumênica da Universidade Estadual de Londrina (UEL) fez com que o Conselho de Pastores Evangélicos e a Arquidiocese de Londrina tentassem censurá-la.
O texto é uma reinterpretação de histórias bíblicas com uma perspectiva LGBT. Trata-se de uma versão brasileira do roteiro do ator e diretor Jo Clifford – que é transgênero – exibida com relativo sucesso no Reino Unido.
A diretora Natália Mallo assistiu ao espetáculo na Escócia e fez uma adaptação em parceria com Jo Clifford e Susan Worsfold, diretoras da obra original.
Assim que a montagem brasileira do espetáculo anunciou sua estreia, no Festival Internacional de Londrina as principais entidades religiosas da cidade emitiram notas de repúdio contra a representação de Jesus vivendo nos dias atuais no corpo de uma mulher transgênero.
No palco, o papel principal é vivido pela atriz e professora Renata Carvalho. A divulgação do espetáculo afirma que “sua interpretação oferece à montagem elementos de sua identidade política como travesti, ao mesmo tempo em que apresenta uma Jesus brasileira, ambígua e multifacetada”.
Afirma ainda que existe “preconceito e intolerância” pelo fato de a atriz ser transgênero. Para a produtora, a peça não é “uma afronta à fé cristã” nem “zombaria com a imagem de Jesus”.
“A mensagem é o contrário: um apelo para que possamos viver pela mensagem, pelo projeto de Jesus, de amor, de tolerância e de proteção à vida”, insiste a diretora.
Polêmica ajudou a vender ingressos
Curiosamente, a polêmica gerada em torno da estreia acabou chamando atenção do público e a apresentação teve os ingressos logo esgotados e foi transferida para o anfiteatro da Universidade, com mais assentos.
A organização do Festival emitiu nota onde “repudia os atos de intolerância que a produção do espetáculo tem recebido em Londrina, uma vez que prega justamente o contrário: o amor e o respeito ao próximo”.
Já a diretora Natália Mallo afirma que recebeu muito apoio das redes sociais e comemorou: “Percebemos que estávamos bem e seguros devido ao apoio de parte da sociedade”. Segundo ela, ao final da apresentação as pessoas “aplaudiram em pé”.
O desejo da diretora é que a peça faça um tour pelo país. Ela vai para São Paulo em outubro. Depois, fará uma apresentação especial num festival de arte LGBT em Belfast, na Irlanda do Norte. Natália diz que negocia outras apresentações em diferentes cidades do Brasil.
“É uma peça que a gente fala que invés de turnê, fazemos peregrinação então a gente vai pra onde essa peça for necessária e importante”, conclui. Com informações de Uol