As exortações de Cristo acerca da oração
Neste artigo iremos fazer uma abordagem sobre o que fala a Bíblia quanto a oração dominical, ou como é popularmente conhecida, a oração do Pai-Nosso. Para esse fim faremos uma exposição do texto no evangelho de Mateus capítulo 6. Vejamos o texto:
E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.
Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
O pão nosso de cada dia nos dá hoje;
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;
E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;
Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas
(Mateus 6:5-15)
Nos primeiros versos do texto (1-8) vemos uma preocupação por parte de nosso Senhor Jesus, em combater uma prática muito comum entre os religiosos fariseus, e que estava se popularizando entre o povo, o hábito de buscar reconhecimento ou prestígio ao orar e dar esmolas.
Vemos repetidas vezes Cristo afirmar que “eles já receberam o seu galardão”, e não é necessário muito esforço para entender essa sentença. Jesus não estava dizendo que Deus já havia abençoado os fariseus, mas que o objetivo deles já havia sido alcançando… o “prestígio” entre o povo. O gesto que identifica isso, era se por em pé e estender as mãos aos céus (um gesto que por si só chama atenção) e orar em voz alta. Um outro problema identificado por Cristo, seria as vãs repetições, e aqui é importante salientar um ponto.
Cristo não está condenando aquele que insiste em pedir algo a Deus como por exemplo pedidos por algo específico, ou pelo perdão de pecados, a rejeição de Cristo aqui se refere a crença de que por muito repetir determinado pedido ele seria atendido “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos” (verso 7), quando sabemos que Deus nos concede o que pedimos se bem lhe parecer e pela graça que ele ministra sobre nós. A condenação às vãs repetições também esta ligada a “duração e tamanho” da oração.
Os fariseus acreditavam que o diferencial na oração seria quanto tempo era desprendido na pratica e o tamanho dela. É bem verdade que precisamos passar o máximo de tempo possível em oração e na leitura das escrituras, mas também não devemos pensar que o tempo que passamos orando, será levado em conta por Deus na hora de atender ou não nosso clamor. Passar longos períodos em oração a Deus, deve ser reflexo de uma vida inteiramente voltada a ele. Se passamos horas trancados no quarto em oração a Deus, é por que verdadeiramente buscamos a presença de Deus e não por que queremos “impressionar” nosso Pai celestial.
Depois de feitas as considerações iniciais, e vendo a necessidade de orientação à uma oração verdadeira, Cristo então oferece um modelo de oração a ser seguido com o fim de educar-nos a interiorizar as palavras que pronunciamos a Deus em oração. Jesus inicia a oração identificando que há um Pai celestial, e destaca um de seus atributos; a santidade:
“Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;”
Após isso, temos uma outra afirmação de Cristo. Agora ele mesmo se humilha reconhecendo a soberania de Deus, atribuindo a ele o controle sobre todas as coisas, e que não há limite “territorial” para o domínio dEle:
Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
Agora Cristo roga para que o Pai supra nossas necessidades, e nos ensina a pedir a Deus, não luxos, ou coisas que não precisamos e que queremos apenas por status, mas Jesus nos ensina a rogar ao Criador por nossas necessidades, pois como ele mesmo diz, Deus sabe que precisamos de alimento e veste e outras coisas, “Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas”.(verso 32):
O pão nosso de cada dia nos dá hoje;
Na sequência nos deparamos com um ponto interessante. Provando que sua atitude é pedagógica, o Senhor Cristo nos ensina a reconhecer nossos pecados e pedir perdão por eles, ao passo que ao identificarmos uma atitude ofensiva por parte de outras pessoas para conosco, desferimos o perdão. Jesus era perfeito, e nele não havia pecado algum (E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado. 1 João 3:5), portanto, vale repetir que Cristo nesse ponto, nos ensina como fazer, e não pede perdão por algum pecado:
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;
Em seguida, nos deparamos com outra citação interessante por parte de nosso Rei e Senhor. Quando Cristo, roga ao pai que não nos induza a tentação, ele não quer dizer que Deus nos tentará, por que Deus a ninguém tenta (Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Tiago 1:13), mas quer apenas rogar ao pai que tenha misericórdia de nós ao nos provar (Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar. 1 Coríntios 10:13). Então podemos perceber a diferença quando compreendemos isso com relação ao emprego da palavra “tentação” na afirmação. Ele encerra a oração pedindo ao Pai que nos livre do mau, e finaliza como iniciou a oração, reconhecendo a figura de Deus e mais alguns de seus atributos:
E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre, Amém.
Jesus encerra a oração, mas não termina suas exortações, podemos constatar isso ao longo de todo o capítulo 6, no entanto com relação a oração, ele termina enfatizando a importância do perdão na pratica da oração:”Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.”(versos 14 e 15).
Esse gesto demonstra a preocupação de Cristo quanto a concepção da nossa compreensão para com a pratica da oração, e de que devemos internalizar os sentimentos envolvidos nas palavras que pronunciamos em prece ao nosso Deus, como por exemplo, se oramos a Deus com nosso coração tomado de ira ou de mágoa por algum irmão nosso, a oração não terá refletido o caráter de um verdadeiro filho de Deus e com isso, o Senhor não nos ouvirá. Mas se temos um coração amoroso e justo diante de Deus e para com nosso irmãos em Cristo, o Criador certamente dará atenção ao nosso clamor, pois como diz o salmista “a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. (Salmos 51:17)”.
Um outro conselho interessante a essa questão, é que Deus escuta a todas as orações mas nem sempre a resposta dEle é sim, devemos pedir a Deus aquilo que queremos ou que precisamos, mas como Cristo nos ensina no começo da oração, que estejamos certos de que a vontade de Deus deve e vai prevalecer, e precisamos confiar nela, pois é boa perfeita e agradável; “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12:2).
Uma peculiaridade que vale apena também destacar é a forma como Cristo se expressa pessoalmente, mas usando a 1ª pessoa do plural, buscando fazer com que entendamos o caráter comunitário da oração, ou seja, quando oramos “Pai-nosso, venha a nós, não nos deixes cair”, devemos ter em mente que oramos como igreja, e devemos com isso inserir todos nos nossos irmãos em nossas orações, pois devemos orar uns pelos outros.
A biblia nos fornece inúmeros exemplos de homens e mulheres de oração, como por exemplo, o servo Daniel, que orava três vezes ao dia; “(Então responderam ao rei, dizendo-lhe: Daniel, que é dos filhos dos cativos de Judá, não tem feito caso de ti, ó rei, nem do edito que assinaste, antes três vezes por dia faz a sua oração. Daniel6:13)”.
Com esses exemplos nós aprendemos que a pratica da oração é indispensável à vida cristã, pois é através da oração que expressamos a Deus todos os nossos desejo, situações e súplicas. Vemos também que apesar de Deus saber de tudo que vamos orar a ele sem que tenhamos orado ainda, isso por exemplo, não empobrece o desejo de Cristo em orar, muito pelo contrário, ao analisarmos os evangelhos, vemos que a oração estava sempre presente na vida de Jesus.
O apostolo São Paulo nos adverte muito objetivamente “Orai sem cessar (1 Tessalonicenses 5:17)”, e também receita a igreja que a oração seja feita de forma comunitária e intercessória entre os irmãos do corpo de Cristo; “Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.”(Tiago 5:16). Um outro exemplo do uso da oração é como forma de conforto em momentos de adversidade.
Paulo e Silas enquanto encarcerados oravam e cantavam a Deus; “E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam. (Atos 16:25)”. os benefícios de termos uma vida de oração e meditação na palavra de Deus, são inúmeros e inimagináveis, e devemos por isso em prática constantemente para que possamos andar em retidão e em agrado a vontade de nosso Senhor e Rei Jesus Cristo.
Segui a paz com todos!
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