Pregador Luo: “Jesus não precisava de microfone nem cobrar para ir pregar”
Depois de 15 discos independentes, o rapper Pregador Luo lançou seu primeiro disco por uma grande gravadora. “Governe” foi lançado pela Universal Music Christian Group nesta segunda-feira (23) na capital paulista, reunindo um público jovem e adepto à sua mensagem no auditório da Livraria Saraiva.
O tema do CD vai diretamente contra as distorções do Evangelho, segundo Luo explicou em entrevista exclusiva ao Guiame. “‘Governe’ veio para isso, para tentar de alguma maneira conscientizar as pessoas de um Evangelho puro, simples e saber que elas não são escravas ideológicas e físicas de ninguém, a não ser do Senhor”, aponta.
Para ele, a palavra “adorador” tem sido banalizada no meio evangélico. “O que ela significa? Levantar as mãos e cantar de domingo na igreja? Gravar um CD e vender milhões de cópias? Eu acho que um adorador é aquela pessoa que, realmente, consegue entender a Deus de todas as maneiras”, pondera.
Luo explica que uma vida de adoração consiste na entrega total da mente, corpo e coração a Deus. “Oferecendo tudo a Ele, você passa a se portar de uma maneira diferente tanto em relação aos princípios espirituais — não somos obrigados a seguir normas e dogmas, Cristo veio para nos libertar de tudo isso — e também no que diz respeito à sociedade.”
O rapper também condena a teologia chamada por ele de “dá que você recebe”, considerada um erro da igreja repassado aos cristãos. “Jesus fala: ‘Mais bem aventurado é aquele que dá, do que o que recebe’, mas é dar para o pobre, para aquele que está preso, dar para a viúva. Acho que dar para templos, para que homens construam impérios milionários, está errado.”
Comerciantes da fé
Com um ar de lamento, Luo admite que a fé se tornou um produto para muitos. “Hoje quando a gente vê artistas cobrando ‘cento e poucos’ mil reais, faturando notas, fazendo falcatruas na prefeitura, um comércio que inventa até pelúcia gospel… Vi até mesmo a televisão mostrando produtos eróticos gospel. Eu olhei aquilo e pensei: ‘Pera aí, é nisso mesmo que o Evangelho está se tornando?'”, questiona.
O rapper observa que as pessoas estão acostumadas com uma utopia. “Eu não gosto de iludir ninguém, assim como eu não gosto de ser iludido, assim como Cristo não me ilude e me deixa muito consciente do que é o Evangelho e do que é uma vida cristã. Eu não posso recuar em uma coisa diferente daquela que eu acredito”, afirma.
Ele acredita que a raiz disso são as portas que a igreja tem aberto para o capitalismo, fazendo com que as pessoas acreditem que as bênçãos são limitadas à prosperidade financeira. “Se a gente fosse medir a presença de Deus por prosperidade financeira, o que seria de todos os apóstolos?”, reflete.
Mas diante desse cenário, Luo enxerga uma luz. “Se a gente se aproximar de Deus de maneira sincera, sem querer nada em troca, querendo ser apenas pessoas melhores, acredito que Ele vai dar condições não só de governarmos a nossa vida, mas de sermos prósperos. E próspero diferente do que pregam por aí. Não é ter milhões e milhões. É simplesmente você ter uma vida com a ausência de necessidades”, finaliza.
Fonte: Guiame, Luana Novaes