Evangélicos se dividem entre cobrança e apoio a Eduardo Cunha
Líderes mais à esquerda não poupam críticas
O nome da presidente Dilma e do ministro das Comunicações Edinho Silva foi citado por delatores na operação Lava Jato, da Polícia Federal. Mesmo assim, não há por parte da mídia pedidos que renunciem por causa disso.
Já o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sofre acusações por parte da Procuradoria Geral da República de possuir na Suíça contas ilegais totalizando US$ 5 milhões. Elas estariam no seu nome e no de familiares
Como membro da Bancada Evangélica, Cunha se viu em situação complicada quando o delator Júlio Camargo afirmou ter feito, por pedido do deputado, depósitos em uma igreja Assembleia de Deus.
Com a pressão quase diária para que peça seu afastamento da casa parlamentar, Cunha também começou a sofrer cobranças até mesmo de líderes religiosos que antes o apoiavam. Tem repetido que não tem “qualquer tipo de conta em qualquer lugar que não seja a conta declarada no Imposto de Renda”. Também avisa que “não há a menor possibilidade de renunciar”.
Por exemplo, o pastor Abner Ferreira, presidente da Igreja Assembleia de Deus em Madureira, no Rio, não fala com a imprensa sobre o depósito nem sobre sua relação com o deputado.
O bispo Francisco Almeida, da Sara Nossa Terra no Rio, conta que Cunha não frequenta mais os cultos regularmente naquela igreja desde 2000. Almeida disse que não quer “jogar a primeira pedra”. “Uma pessoa pública está sujeita a todo tipo de coisas. O MP encontrou, então vai ter de provar. Vamos ver o que acontece. De toda forma, estamos tristes com o andamento disso tudo”, finalizou.
O pastor Everaldo Dias, atual presidente do PSC é um antigo apoiador de Cunha. Afirma que prefere acreditar no deputado até que se comprove a existência das contas.
Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, diz que Cunha perderá apoio de votos na comunidade evangélica, “se as contas forem comprovadas”. Já cobrou explicações do deputado e reitera: “Para mim a Justiça é para todo mundo. Se for comprovado que ele tem contas no exterior sem declarar, se for comprovado que perca o cargo, que seja processado”.
Os líderes mais à esquerda, que incessantemente criticam a bancada evangélica, apenas reforçam seu discurso contra Cunha. Ed René Kivitz, pastor da Igreja Batista de Água Branca, afirma que “deplora a história e trajetória política” do presidente da Câmara.
O pastor batista Henrique Vieira, vereador pelo PSOL em Niterói, RJ, não poupa críticas a Cunha e ao grupo que pertence, “O projeto deles não é laico e não respeita os direitos humanos. Não me surpreende a possível corrupção associada à figura do Cunha. E essas lideranças evangélicas que sustentam o poder de Eduardo Cunha o fazem porque estão sustentando o próprio poder”, dispara.
Marcos Gladstone, líder da Igreja Cristã Contemporânea, que defende o homossexualismo, adota uma postura generalista. “Se eles são tão moralistas assim, se eles brigam tanto pela família e pela moral, como em um escândalo de corrupção desses eles não tomam nenhuma providência? ”, critica. Com informações Estadão